4 de Janeiro de 2015 às 22:45

Prêmio Nobel da Paz (Dois Telefonemas)

"Até onde você vai na vida depende de ser terno com os jovens, compadecido com os idosos,simpático com os esforçados e tolerante com os fracos e fortes. Porque em algum momento da vida você vai descobrir que já foi tudo isso." (George Washington)

Dois telefonemas no estertor do velho ano, me deixou trasbordante de satisfação. Foi a sensação de ganhar o "Prêmio Nobel da Paz." Sobretudo, por se tratar de duas pessoas nobres, experientes, conceituadas, gentis, discretas e sábias. Um homem e uma mulher. Na verdade, pode-se dizer que ele, é um Lord,  e  ela, uma Dama em terras rangeliana. Naturalmente que se conhecem, não sei, no entanto, se há  laços parentecos entre  as tradicionais  famílias.

Ambos, leitores de nossa coluna na Gazeta de Patrocínio. Nem podem aquilatar  a honra que sinto em saber que sou lido por estas duas pessoas com riquíssimo lastro de vida. Nem podem imaginar a honra que sinto só em imaginar que se deram ao trabalho de  pegarem  o telefone e  entrar em contato  com este colunista. Definitivamente, centuplica minha responsabilidade. Entre tantos assinantes, dois leitores de elevada estirpe e de respeitável índole,  me leem, semanalmente...e me telefonam quando gostam..

Antes de revelar os nomes destes dois leitores ilustres e o motivo que os levaram a me  dar este feedback,  é de bom alvitre, tecer algumas considerações sobre a quantas  anda o relacionamento idoso/sociedade. A digressão, que se segue,  é por uma boa causa.

Nota-se que muita gente ainda não percebeu que  o pessoal da  “melhor idade” (sabia que acabaria usando aqui este termo)  atualmente, estão saindo mais de casa, estão indo dançar, brincar, cantar, viajar,  enfim, eles estão vivendo intensamente cada momento. Por esta razão, não apenas as pessoas, as família, as instituições, mas as cidades precisam se preparar para este público senhior. Um nicho que a mídia finge não ver.

Ás voltas com tema, acabo  tropeçando no termo "gerascofóbicos" (e já me desculpo  pelo palavrão. Significa, aquele que  tem medo de envelhecer). É exatamente o comportamento da  atual geração. Tempos estes de hipervalorização da imagem, das cirurgias de riscos, da estética sem ética, do alto faturamento das indústrias de cosméticos. Vê-se que todos querem viver mais, mas não querem envelhecer. O conceito de qualidade de vida  na velhice, não tem de estar ligado a eterna juventude.

A propósito, o leitor, já chegou  na fronteira dos 60/70/80/90 anos? Votos para que chegue  bem lá.  E para quem não sabe, esta é a faixa etária que mais cresce no país. São 23 milhões de idosos no Brasil e este número dobrará nos próximos 20 anos.  Tendência mundial. Até 2050, o mundo terá mais de 3 bilhões de pessoas acima de 50 anos. A maioria delas, 2 bilhões, viverá nos centros urbanos.

Por isto as cidades precisam se adequarem. Pensar e abrir alas socialmente, econômicamente e culturalmente  para este público especial. Cidades inteligentes já  buscam até o título de “Cidade Amiga do Idoso”. Infelizmente, ainda não é o caso de Patrocínio, onde um simples “centro de encontro e lazer do idoso”  projeto na plataforma de tantos governos, mas simplesmente, não sai do papel.

Não posso deixar de dizer que esta geração de idosos, muitos deles,  são grandes leitores, possuem senso crítico, rico vocabulário e analise fina da realidade. Assinam jornais Impressos. Presença que faz a diferença nas redes sociais. Só lembrando de rapão, que quando tinha quase 80 anos, Michelangelo dirigiu, com muita vitalidade, os trabalhos de construção da Basílica de São Pedro, na Itália. Com quase 90, Pablo Picasso pintou uma série de 140 obras, apenas durante o ano de 1969. Ziraldo, na ativa, aos 84 anos, o inoxidável Ferreira Gullar, chega, falante  á Academia Brasileira de Letras: “O calendário é que fala isso. Mas não tenho essa idade”. Gosta também da  escritora e colunista da Veja, Lya Luft?...Nasceu em 1938. 

Votando as ligações que me deram esta justificável satisfação. A primeira foi do SR, JOSÉ AFONSO AMORIM... Filho do lendário Tenente Amorim,oriundo de Pindamonhagaba.(precursor do Véio do Didino, grande incentivador do esporte em Patrocínio) Zé Amorim, como e amplamente conhecido, é casado com Virgínia Aparecida Souza Amorim (Foto); pai de José Afonso Amorim Jr, Carlos Alberto Amorim, Maristela Amorim e Márcia Cristina Amorim Caixeta.Um típico "self - made man". Muito dedicado  família e ao trabalho, sem, contudo,  deixar de  ser  um articulador do progresso  na comunidade patrocinense.

Foi gerente do Banco do Estado de Minas Gerais - Benge, (Hoje Itaú) nas cidades de  Patrocínio, Patos de Minas, Uberlândia e Uberaba. (algumas destas cidades, por mais de uma vez) Ainda, foi  diretor da concessionária Trivel em Uberaba, posteriormente, também diretor da Moto Minas (revendedora Volkswagen em Patrocínio) e  Serviços Gráficos S/A (Gráfica, cuja  missão é atender ao rolding de empresas da família Constantino na área de impressos. Aliás, onde sou colaborador há 29 anos, admitido, justamente  na gestão de Sr José Amorim).

Um olho no trabalho, outro no futuro da cidade. Foi um dos fundadores e primeiro proprietário da Rádio Difusora de Patrocínio. Mesmo enquanto residiu em Uberaba, buscava divulgar positivamente sua cidade natal, tanto que  foi o grande propulsor da criação do Jornal de Patrocínio - o nosso JP. Com o fechamento da TV Itacolomi, não mediu esforços, mobilizando um grupo de  amigos para trazer a  uma torre de transmissão da TV Integração (Rede Globo) para Patrocínio.

Desde a "Chácara das Palmeiras", um perfeccionista criador de Gado Holandês. Não qualquer Gado Holandês. Gado Holandês Vermelho e Branco - HVB. Seus exemplares foram  campeões em vários certames, como Expopatrô - Patrocínio; Fenamilho - Patos de minas; Megaleite - Uberaba e Exposição Nacional da Raça Holandesa - São Paulo. E persegue o sonho de ser campeão nacional com uma HPV de seu rebanho. Um “Companheiro Leão" atuante nas campanhas humanitárias.  Um dos homens mais discretos e coerentes na arte de  elogiar. Como um bom Lionino é "comedido na crítica e generoso no elogio". (Foto: José Amorim com a esposa Virgínia)

 

A outra ligação que, pela mesma forma,  me inundou de satisfação, foi de DONA TONIQUINHA BORGES  RODRIGUES. Falemos desta guerreira. Nasceu na fazenda Segredo, município de Serra do Salitre, aos 13 de junho de 1925, filha de José Pedro Martins Borges (Zequinha) e Hyppolita de Ávila Lemos. A caçula do casal que só teve filhas: Maria Felizarda (Mariinha), Clérida, Célia, Olga, Maria do Rosário (Zazá) e ela.

Foi alfabetizada por vovô Zequinha e, ainda menina, era a encarregada de recolher a produção de ovos da fazenda. Vovô Zequinha contraiu tuberculose e como a "famosa" Bezetacil ainda não havia chegado ao Brasil, em vão foram os cuidados e médicos consultados. Assim como as irmãs, estudou na Escola Normal, formando-se no magistério, na época em que as moças eram preparadas para serem professoras e donas de casa. Além das matérias curriculares aprendiam a costurar, bordar, noções de primeiros socorros, etc.

Moça, era ela quem cuidava da arrumação e manutenção da casa de minha avó. Estudou piano por um tempo e fugia o quanto podia de ajudar na cozinha. Ainda assim, segundo meu pai, era ela quem sabia fazer o melhor bife.

Depois de casada e mãe é que conseguiu ser nomeada professora, no governo Magalhães Pinto. Trabalhou pouco tempo pois, depois de uma peritonite, a tromboflebite a aposentou por invalidez.

De espírito vivaz, participativo e saudosista, viaja pelas experiências vividas com imensa constância e consciência. Sabe cativar quem dela se aproxima, mas, devido as sequelas da flebite e hoje, com a visão comprometida, quase não sai de casa.
Colecionadora por excelência, além das lembranças, já vendeu uma coleção de agulheiros e ainda tem as de latas e esmaltados.

DONA TONIQUINHA BORGES. Pessoa das mais bem quista na sociedade patrocinense. Esposa do saudoso empresário, Pedro Rodrigues Pereira. Neta do grande benfeitor patrocinense, Cel. Honorato Borges;  mamãe de Rosângela, Lucélia, Maria Hipólita e da cerimonialista Brígida Borges Pereira. (Quem me auxiliou neste texto)

Para quem não sabe, Dona Toniquinha, possui uma  coleção com mais de 300 latas de biscoitos decoradas. É de cair o queixo!. Corta-me o coração quando ela fala em vendê-la. E me corta mais o coração em saber que os mandachuva da cultura local não demosntram interesse  em adquiri-la. Chamo -as de "O Mimo de Dona Toniquinha" Uma das coleções mais cult e clássica que já vi. (Na foto Dona Toniquinha, recebendo uma prova de carinho de um dos netos: Ranieri Eustáquio Pereira Morato)

Ambos me ligaram pelo mesmo motivo: Me felicitar  pelo texto " Resposta á Carta de Gentil Murse". (Postado também, aqui no blog). Sr José Amorim, disse ter conhecido, pessoalmente  o Sr Gentil Murse, e que a nossa  "resposta" á sua carta,  ficou perfeita. Disse que, provavelmente, possue guardado um livro de crônicas, de autoria do Sr Gentil,  vai procurá-lo para nos repassar.

Dona Toniquinha, que também conheceu a  família, Murse, se excedeu em gentileza. Possui o endereço de Lúcia Ferreira Martins, filha do homengeado, que  reside em Belo Horizonte e enviou-lhe um exemplar do jornal com a referido publicação. Graças a Dona Toniquinha, Lúcia, já recebeu e  respondeu e nosso e-mail. Se isto não é honra, é o quê?

Posto isto: Estes dois telefonemas para mim,  equivalem a sensação de quem ganha o  "Prêmio Nobel da Paz"...