Há quinze dias, o jovem Neto Mansur, era chamado á eternidade.... Modelo, chegou a participar de novela da Globo, teve uma carreira curta mas brilhante... Por que? Tão jovem... Somos tentados a questionar e colocar palavras em tudo. Quando alguém na flor da idade se vai, batemos o pé, queremos explicações de Deus. Por que não se revoga esta lei na eternidade. ”O curso natural da vida é os filhos enterrarem os pais, nunca o contrário” Filosofamos em nossa ignorância espiritual. Queremos colocar palavras onde só cabe o silêncio...Gosto do que Rubem Alves escreveu: “O que falar diante da Morte? As Sagradas Escrituras sugerem que o silêncio é a palavra mais significativa que se pode falar diante da morte. Porque no silêncio não dizemos nada. O silêncio é como uma taça vazia que, por ser vazia, permite que a pessoa que está sofrendo recolha nela todas as suas lágrimas, que nós não conhecemos..."
Por ter perdido a mãe muito cedo, fiz ecoar perguntas, esmurrei as portas dos mistérios... mas, um dia algo serenou meu mar interior de perguntas: “Deus leva, antes (“ da nossa hora”) para a eternidade os filhos os quais ama..." E alguns anos depois, li na Bíblia e creio que não por acaso: “Pois o justo é levado antes que venha o mal...e entra na paz”...O que chamamos de morte, o Onisciênte Deus, chama de "livramento" do mal...Neto, foi para o colo de Deus...Assim é bem melhor...
No chão da realidade a vida continua...Fica a dor...fica a saudade...fica as lembranças...Isabela Silva, prima de Neto, por exemplo, lembra dele, num misto de dor e carinho: “...Era um jovem cheio de vida, faleceu aos 31 anos de idade, por um câncer que vinha lutando durante 5 anos. Neto, sempre viveu intensamente todos os momentos de sua vida. Quando criança sonhava em ser jogador de basquete, disputava várias partidas, treinava sempre com seus amigos, primos no poliesportivo do Catiguá. E por sinal se empenhava e sempre mandava muito bem em seus lances e estratégias para fazer cestas. Tinha como exemplo a ser seguido o jogador Michael Jordan..."
"...O justo é levado antes que venha o mal...e entra na paz”...Que lenitivo ouvir isto, enquanto não vem a cura! Enquanto a alma não cicatriza. Enquanto não volta a calma. Enquanto a dor vai virando saudade eterna...
"O que mais nos dói e atrapalha na morte de quem amamos, de imediato, é o desaparecimento súbito do corpo. Essa repentina falta de assunto para os olhos físicos, bem acostumados que são com o tom da pele, o jeito dos cabelos, os diferentes desenhos de sorriso para cada contexto, a linguagem do olhar, a expressão corporal que cada um tem para falar e silenciar. E também o som da risada, o registro da voz, a textura do abraço, músicas que os sentidos ouvem e correm pra contar para o coração.
Fica, de cara, uma ausência esquisita. Esse estranho fechamento das cortinas quando o show continua a acontecer para nós. Essa inexistência física de um lugar para onde ir que nos permita encontrar o que habitualmente encontrávamos. Até nos darmos conta de que existem outros olhos para ver, a tristeza nos perturba. E dói. Dói muito.(…)
Ninguém morre quando continua no outro. Mas só o tempo nos ensina o caminho dessa mágica do amor. Só o tempo, esse cicatrizante." (Ana Jácomo) ...Apenas algumas palavras, nesta horas em que é difícil o silêncio como prece...