E você, está reclamando do quê?
Aos 90 anos, o coração desta mãe, continua exigindo dela, vitalidade, valentia e braços fortes para sobreviver e abrigar os filhos com dignidade.
Alguns, olhando esta foto, vêem uma mulher esforçada conduzindo um carinho de ferro. A cena infelizmente faz parte da paisagem para tantos. Outros, vêem o flagrante de um desrespeito do estado á própria Constituição. A “Carta Magna” preconiza: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia...” Imagine o quanto esta nonagenária senhora já batalhou na vida. Longeva existência simples e honrada. Pontilhada de lágrimas e algrias. Agruras e suavidade. Decepções e vitórias. Confesso que ao invés de vê-la "levantando uma casa para abrigar mais um filho em seu quintal", gostaria de vê-la numa roda de apoio á qualidade de vida do idoso. Gostaria de vê-la numa cadeira de balanço, contando histórias para os netos e bisnetos. Gostaria de vê-la cercada de honra e reverência na ditosa velhice.
Mas, estamos no Brasil, onde o coração de uma mãe, mesmo aos 90 anos, continua exigindo dela, vitalidade, valentia e braços fortes para sobreviver e abrigar os filhos com dignidade. Tem barbado aí com vinte anos que não sai com ela.
O escritor patrocinense Cecílio de Souza, radicado em São Paulo, foi quem nos enviou esta foto e mais nuances da vida desta guerreira, de - é bom repetir- 90 anos:
“Aí, um exemplo de disposição e proatividade.
Geralda Carlota, a patrocinense Nega Gera, aos 90 anos, levantando uma casa para abrigar mais um filho em seu quintal.
Além de tradicional benzedeira na cidade, é também artesã de tapetes, com os quais faz o seu sustento de rotina, sem contar que, vez por outra, ainda é flagrada bailando em alguns sambas-enredos de nosso conjunturismo regional.
É exemplo pra muitos ditos jovens por aí!" ( Cecílio de Souza)