1 de Outubro de 2014 às 22:01

Drº Edgard de Andrade Rocha: "Em Poucas Palavras"

Marcou a sua carreira como jurista de vasta cultura, ser humano aberto, humilde, defensor da família, fina sensibilidade social, tratamento respeitoso para com todos da comunidade.

Patrocínio foi surpreendida na  manhã deste 01/10/2014, com  a  perda irreparável de  DR  EDGARD DE ANDRADE ROCHA, aos  94 anos.  Uma das expressões  de maior cultura, conceito e credibilidade de todos os tempos em nossa Patrocínio.  Nasceu em Tocantins – Zona da Mata,  Minas Gerais,  cursou o ginásio em Ubá e Direito em Belo Horizonte. Chegou  em Patrocínio, nos anos 60/70, como o primeiro Juiz de Direito na história da Comarca local. Encantou-se  com a cidade e seu povo, fixou morada com família para sempre.   

Marcou a sua carreira como jurista de vasta cultura, ser humano aberto, humilde, defensor da família, fina sensibilidade social,  tratamento respeitoso para com todos da comunidade. 

Cidadão Honorário Patrocinense, deixa importante contribuição, não apenas na magistratura, mas também  na literatura, sociologia, filosofia e teologia.

Era membro da Academia Patrocinense de Letras, (Cadeira Nº 02).  Palestrante, professor, voluntário, atuante líder leigo da Igreja Católica.  Presidiu a Fundação Educacional de Patrocínio. Exímio escritor, poeta, cronista. Desde a fundação do Jornal de Patrocínio, assinou a coluna intitulada  “EM POUCAS PALVARAS”. Sempre me assombrei com a sua forma de escrever concisa, coesa, impecável, limpa e  conteúdo edificante. Um dos maiores prefaciadores de livros que Patrocínio teve. Externava satisfação em lançar um novo autor.

DR  EDGARD DE ANDRADE ROCHA, era casado com Maria da Conceição Rocha, casamento de 70 anos (  Bodas de Vinho) e como ele falava de boca cheia de sua esposa/cúmplice e companheira!  Deixa os filhos:  Edgard de Andrade Rocha Filho, Maria Elizabeth de Andrade Rocha Condessa, Maria Imaculada de Andrade Rocha e Mariza de Andrade Rocha; nora, netos e bisnetos...

Uma lacuna ímpar nos corações patrocinenses... A seguir compartilho  um texto dele que guadei com carinho:

“EM POUCAS PALAVRAS

Eu vivi vida modesta por entre gente modesta. Nunca fui dominador, não fiz povos submissos, não fiz nações dominadas. Eu nunca me fiz general. Eu nunca me fiz herói á custa de sangue alheio. Eu nunca portei medalhas sobre o  peito de uma farda.

Eu nunca fui almirante. Sobre um barco balouçante. Eu nunca venci distancias, eu nunca encontrei caminhos "por mares nunca dantes navegados". Eu nuca fui bandeirante. Nunca desbravei sertões em busca de pedrarias ou jazidas de ouro. Não fundei nenhuma vila, não apresei nenhum índio.

Eu nunca fui astronauta. Nunca pus meus pés na lua, nunca vi a terra azul, nunca boiei pelo espaço como parte  de astronave. Eu nunca pintei murais em capelas e oratórios. Nunca esculpi Moisés, nem Davi,  nem Pietá. Nem mesmo um anjo barroco tirei da pedra sabão.

Eu nunca escrevi poemas para atravessar os tempos como Virgilio ou Camões. Eu vivi vida modesta por entre gente modesta. Eu nunca fui aclamado, nunca fui glorificado, nunca fui um líder de nada.

Mas, meu Deus, como foi bom! Em meio a gente modesta, em que vivi com modéstia, eu pude encontrar a fé, pude encontrar a esperança. E, mais que tudo, Senhor, encontrei a minha paz, encontrei a minha glória: eu amei e fui amado e no amor encontrei minha razão de viver, a minha razão de ser, ser teu filho e teu amado".  ( Livro " A Caminho de Xantismo").