A Delegacia Regional de Polícia Federal (PF), em Uberlândia deflagrou no município, em outros sete Estados do Brasil e no Distrito Federal, na manhã desta quinta-feira (26), a Operação Catira. A ação, que combate roubo de carga, receptação, fraude e formação de quadrilha, conta com o auxílio da Superintendência da PF em Belo Horizonte, das polícias Militar (PM), Rodoviária Federal (PRF) e Civil (PC) e da Receita Fazendária Estadual e ainda está em andamento. Em Minas Gerais, Uberaba e Patrocínio também são alvos da operação. Até o momento, 40 pessoas foram presas e outras dez são procuradas.
De acordo com a PF, 15 profissionais de Uberlândia atuaram no levantamento de informações. Ao todo, estão sendo cumpridos 51 mandados de prisão temporária e 50 de busca e apreensão em Minas Gerais e em outros sete estados: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará e São Paulo, além do Distrito Federal. Documentos, notas fiscais e outros materiais também estão sendo apreendidos.
Os envolvidos estão sendo ouvidos na sede da Polícia Federal no bairro Santa Luzia, zona sul de Uberlândia. Eles serão levados ao presídio Jacy de Assis. Três aeronaves, da PM e PRF, uma delas com o comando da Operação, sobrevoaram bairros da cidade, onde aconteceram o cumprimento dos mandados. Além disso, alguns presos em São Paulo e no Paraná serão transferidos para Uberlândia.
Trinta mandados já foram cumpridos. Foram seis meses de investigações da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO-MG). Os suspeitos presos devem responder aos crimes de organização criminosa, roubo, cárcere privado, lavagem de dinheiro e receptação, cujas penas somadas superam 30 anos de prisão.
Coletiva
Uma coletiva de imprensa foi realizada na tarde desta quinta-feira (26), para apresentar os resultados da Operação, que conta com a presença do secretário de Defesa Social de Minas Gerais, Bernardo Santana de Vasconcellos. Durante a coletiva, foram apresentados 16 suspeitos presos pela polícia – 12 homens e quatro mulheres.
Dinâmica da quadrilha
Segundo a Polícia Federal (PF), a quadrilha agia no Triângulo Mineiro, principalmente em Uberaba. Eles trabalhavam sob encomenda. Um agente especifico da quadrilha recebia um pedido de carga e os membros da organização planejavam o roubo, as notas frias e a entrega dos produtos. Um contador está entre os presos da manhã desta quinta-feira. Ele é suspeito de emitir 200 notas frias em 2015, cujas empresas não existem e todas podem estar ligadas a roubos realizados pela quadrilha.
A PF já pode relacionar os membros desse grupo a 30 roubos ocorridos na região. Um trabalho pericial nas notas fiscais apreendidas deve comprovar a realização de outros crimes. Os policiais apontaram que a ação da quadrilha, da qual três são suspeitos de fazerem parte do Primeiro Comando Central (PCC) de São Paulo, era truculenta e deixava algumas das vítimas por até seis dias em cárcere privado.
Entre as cargas roubadas pelo grupo estão, principalmente, combustíveis, medicamentos, defensivos agrícolas e carnes. Cada carga roubada equivalia, em média, a mais de R$ 1 milhão. De acordo com a PF, em apenas uma semana no mês de setembro, o grupo realizou quatro roubos na região.
Locais de atuação
Entre os locais em que estão sendo cumpridos os mandados, estão duas garagens de caminhões em Uberlândia. Uma delas, no bairro Novo Mundo, zona leste de Uberlândia, próximo ao Ceasa, recebeu denúncias de receptações de veículos de carga em março, abril e agosto. Em todas as ocorrências, peças e veículos roubados foram apreendidos. Outro local que recebeu os policiais foi um açougue, no bairro Umuarama, na zona leste, que teria recebido parte de uma carga roubada.
Outro mandado foi cumprido em um posto de gasolina no bairro Marta Helena, zona norte de Uberlândia. Segundo investigações, o dono do posto, que teria conexões com políticos e autoridades da cidade, encomendava a carga do grupo criminoso e pagava valores inferiores ao de mercado, repassando para os clientes os valores tabelados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). Nesta manhã, o posto passou por fiscalização da Receita Fazendária Estadual e da própria ANP, quando foram identificadas diversas irregularidades e o local foi fechado.
Prisões
Entre os presos em Uberlândia, estão a esposa e a nora de um comerciante suspeito de diversos crimes em Uberlândia e região, como receptação e formação de quadrilha. Outro suspeito de estar relacionado às ações da quadrilha é o filho do comerciante, que está foragido e é procurado pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO- MG). Um veículo do foragido, estimado em R$ 1 milhão, foi apreendido. As mulheres foram direcionadas à sede da PF em Uberlândia.
Dentre as 40 prisões nesta manhã, seis aconteceram em São Paulo, uma no Pará, uma em Tocantins e duas no Mato Grosso.