O Brasil já ultrapassa mais de 12 mil mortes de covid-19 e 172 mil casos, segundo os governos estaduais. Em Patrocínio, a primeira cidade do Alto do Paranaíba e Triângulo mineiro a registrar um caso confirmado em meados de março, registra, atualmente, 21 casos confirmados, quatro suspeitos e um óbito pela doença.
A instabilidade gerada pela pandemia vai além da área da saúde e atinge todas as áreas. A economia é uma das mais afetadas diante das medidas de distanciamento social visando o bem-estar da população.
De acordo com levantamento feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em março de 2020, a construção civil, alimentação fora do lar, moda e varejo tradicional foram alguns dos setores mais impactados pela pandemia no Brasil.
Em Patrocínio, segundo o último decreto do prefeito Deiró Marra, continua proibido o funcionamento de cinemas, teatros, boates e realização de festas, abertura de salões de eventos e afins, tanto em espaços públicos quanto para os privados. A recomendação para lojas e comércios em geral é que funcionem com 50% da capacidade total, ofereçam máscaras aos funcionários e disponibilizem álcool em gel resguardando a distância mínima de um metro entre os consumidores.
O economista e assessor de investimentos, Gabriel Silveira Pena, pede resiliência aos comerciantes que fecharam seus negócios para reabrir posteriormente. Segundo ele, caso a empresa possua dívidas, buscar uma renegociação é necessário. Segundo Gabriel, também é essencial o contato constante com o cliente: “É importante também estar próximo do cliente seja por telefone, mensagem ou e-mail. São essas pessoas que voltarão a consumir logo. Explicar a situação de dificuldade, ser claro e muito sincero pode ajudar bastante. É uma situação que todos serão afetados de alguma forma. Solidariedade é a palavra que mais resume o esforço conjunto que precisamos ter”.
Questionado sobre quanto tempo será necessário para recuperar o que a economia perdeu nos últimos tempos com a crise do coronavírus, Gabriel se mostra alinhado com o relatório Focus, um boletim divulgado semanalmente pelo Banco Central no qual economistas analisam a economia atual e para ele, 2020 será um ano marcado por forte recessão e queda no PIB superior à 4%.
No início da pandemia, também através de um decreto, o prefeito fez restrições temporárias ao comércio. Os restaurantes que tivessem estruturas, poderiam trabalhar apenas com entregas em domicílio ou retirada de alimentos prontos e embalados no local, afim de evitar aglomerações.
Adaptação a um novo modelo de negócios
“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”, a frase é de Leon C. Megginson e se aplica perfeitamente ao cenário atual.
Diante da nova conjuntura, os empresários no ramo de alimentação precisaram se reinventar. O Sandubão Lanches, há quatro anos atendendo a população de Patrocínio precisou se adaptar. O proprietário, Bruno Roberto de Souza, fala sobre o medo que sentiu no início da pandemia “Tudo o que vimos em séries, filmes nem se compara ao que estamos vivendo agora. A primeira sensação foi medo, medo do desconhecido. Quando a OMS (Organização Mundial da Saúde) falou em evitar aglomerações, você fala em fechamento de comércio, isso é o que? É travar a economia do povo e as contas não param de chegar, nossa principal preocupação era como vou pagar as contas? Como vou pagar os funcionários? ”
Bruno conta que precisou tomar algumas medidas para manter os negócios: “A partir do momento que ficou decretado fechar as portas, tivemos que nos adaptar ao delivery, fortaleci nosso delivery, a primeira coisa que eu fiz foi tirar a taxa de entrega, para que o cliente ficasse tranquilo, economizasse e não precisasse sair de casa”. Bruno também ressalta outra medida importante: criar promoções. O valor de algumas pizzas e lanches foram reduzidos porque, segundo ele, com portas fechadas, ele economiza energia, o salário de alguns funcionários, entre outros gastos, o que possibilita a redução do valor final do produto.
Gabriel Silveira acredita que é essencial estimular o pequeno e médio comerciante e ser criativo pensando em novas possiblidades de expandir o seu negócio: “Uma loja de roupas pode, por exemplo, usar as redes sociais para promover as vendas de peças via Facebook e Instagram. As padarias/lanchonetes, podem promover as vendas por meio das entregas. Os bares, podem estimular encomendas feitas por telefones ou aplicativos de mensagens. Academias, professores de línguas e demais educadores podem utilizar aplicativos de reuniões on-line para que o processo educacional não seja interrompido”.
Para ele, a crise é ruim, óbvio, mas, claro, ela não vai durar para sempre e além de ter trazido grandes ensinamentos à população, ele enfatiza um ponto importante em comparação às outras crises já sofridas pela sociedade: “Diferentemente das outras crises, não tínhamos uma internet tão disponível e acessível como temos nos tempos atuais. Enxergo a internet como uma boa ferramenta para que essas pessoas não sintam os efeitos da crise de maneira tão intensa”.
Em consonância com a fala de Gabriel, realmente alguns nichos específicos, encontram na situação de isolamento social um alto crescimento em seus negócios. Como é o caso de serviços de streaming como Netflix, Amazon e Globo Play, com mais pessoas ficando em ambientes fechados, é natural que essa demanda cresça. Também serviços que fornecem videoconferências para empresas como é o caso do aplicativo Zoom e Hangouts, do Google.
Serviços de entrega também registraram aumento significativo. A Rappi afirma que desde janeiro percebeu maior número de pedidos, principalmente em farmácias, restaurantes e supermercados.
Segundo levantamento da empresa de inteligência de mercado com foco em e-commerce, Compre&Confie, o comércio eletrônico cresceu exponencialmente no primeiro trimestre de 2020. O faturamento atingiu R$ 20,4 bilhões, alta de 26,7% se comparado ao mesmo período do ano passado.
Por Johnny Pires
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