16 de Julho de 2014 às 20:52

Futebol Patrocinense- Reminiscências, Fatos, Estórias, Causos, Lendas, Folclore

Um texto-acervo digno de figurar no almejado “Memorial do Futebol Patrocinense"

Quem falou aí que o futebol patrocinense , não tem história. Tem, sim e rica. Da memória privilegiada de Rondes Machado, (foto) um texto, um registro, uma relíquia, um tributo a que viveu e fez o “esporte bretão” em terras rangeliana. Um texto-acervo digno de   figurar no almejado “Memorial do Futebol Patrocinense:

“Futebol não é feito apenas com os jogadores, estrelas principais dos espetáculos, profissionais ou amadores. Tantos outros personagens são importantes para a existência do jogo. Existe um personagem, indispensável em  na maior parte dos jogos consegue provocar a ira de uma ou das duas torcidas e de quase todos os jogadores. É a figura do JUÌZ DE FUTEBOL.

Nos idos dos anos 50 o futebol interiorano convivia com     os juízes, aquelas figuras sinistras, sabedores que seriam xingados, ofendidos e até agredidos e ainda assim, sem qualquer ganho pecuniário, espontânea e amadoristicamente, aparentemente felizes no papel  que desempenhavam no”espetáculo”, enfrentavam as torcidas e jogadores com grande resignação. Patrocínio e cidades vizinhas tinham seus juízes, ainda sem aparatos e formalidades que já existiam  nos maiores centros futebolísticos. Apitavam os jogos com suas roupas normais; á “paisana” (sem uniforme) . O relógio (Nem todos mundo tinha um) para marcar o tempo, algumas vezes era tomado emprestado de um amigos ou torcedor, ali mesmo no campo (estádio). As  regras  eram as mais simples e mínimas  necessárias, conhecidas por todos; tiro de metas, escanteio (corner), faltas na campo em geral, falta na grande área – pênalti, impedimento (Off-side) e o grande momento o gol, que recebia o apito prolongado do juiz. As regras, antes pronunciadas em inglês, como as posições dos jogadores, foram se abrasileirando e as que permaneceram por mais tempo foram o “corner” e o “off-side.

Naturalmente o time visitante levava o juiz. Ás vezes já conhecido pelos adversários, não era aceito. Aí surgia o juiz local, quase sempre sinal de confusão durante o jogo. Acontecia de numa partida substituírem o 1º juiz por uma 2º, este por um 3º, etc. Bastavam os dirigentes, torcedores ou jogadores discordarem/desconfiarem da parcialidade na atuação, pra o juiz ser substituídos. Súmulas de jogos , nunca vi.

Citando a seguir alguns dos juízes mais assíduos nos campos de Patrocínio e cidades vizinhas, naqueles anos 50, com algumas de suas facetas ou proezas.

TENENTE  MANUEL AMORIM, (Promovido mais tarde a capitão)  militar do exército, reformado, natural de Pindamonhagaba- SP, participou da Revolução Constitucionalista. Fanático por futebol foi treinador de vários times da cidade, principalmente do Ipiranga, e juiz de incontáveis jogos. Por se militar e pesar 100 Kg, poucos  reclamavam de seu apito amigo do time da casa, este , mesmo treinado por ele. Tenente Amorim foi por muito tempo uma espécie de “dono” do futebol patrocinense, antes do Véio do Didino assumir tal distinção.

BENEDITO ROMÃO DE MELO. Conhecido como Ditinho. Tal. Farmacêutico formado (Existiam os não formados). Educadíssimo (Um gentleman) de família tradicional (Os Germanos) de Cruzeiro da Fortaleza, na política , foi vereador, vice e prefeito de Patrocínio. Destemido. Certa vez jogávamos com um time reunido na última hora, na Vila Guimarânia (Distrito de Patos de Minas, mais tarde emancipada como é hoje a simpática Guimarânia) contra o time  local era festa da Padroeira da comunidade Sem motivo aparente no campo ( talvez bebedeira de torcedores ou porque ganhávamos o jogo com relativa facilidade), surgiu um tremendo bafafá. Brigas no braço, tiros par ao alto,gente armada de facas, uma grande correria, um caos. Ditinho no apito na maior calma, posicionou-se no centro do campo ( Na praça da igreja  em Guimarânia).Repicando o apito e indicando o local para reinicio de jogo. Os brigões foram parando, aclamaram-se os ânimos, o jogo recomeçou e terminou com o juiz soberano, demonstrando enorme autoridade. Ditinho apitou incontáveis partidas.

ZÉ CRISTINO. Motorista de caminhão e de carro de praça, foi jogador do Ipiranga nos anos 30/40. Parcial no apito,destemido e temerário. Apitava nos campos dos adversários sem nenhum receio. Muitas vezes nós jogadores falávamos como ele: “Zé, vai com cuidado para não chamar demais a  atenção”. Jogando em Patos contra o Mamoré (Naquele campo onde era um brejo), aconteceu  um corner contra o nosso time. Recuamos quase todos para nossa área. Corner batido, nosso beque rebate de  primeira com um chutão pra frente. Indo a bola encontrar nosso centro-avante depois da linha de meio campo, sozinho, impedido e o Zé nada marcou. Nosso atacando  disparou com a bola rumo ao gol, com os dois beques do Mamoré correndo desesperados atrás dele, alcançando-o próximo á entrada da areia, um deles tirando-lhe a bola limpadamente.Incontinente o Zé, ainda  lá pelo meio de campo, marca pênalti. O jogo estava 0x0 . Um escândalo. Campo invadido e um torcedor enfurecido pegou o Zé pelo colarinho (ele era pequenino) e o levantava do chão.  Queriam o pênalti . Entrou a turma dos panos quentes, Botaram o Zé no chão, o campo foi evacuado para reinício do jogo, com eles  pensando que o pênalti marcado por ele tinha sido anulado. Pois o Zé pega a bola, caminha até a área do Mamoré e a coloca na marca do pênalti. Nova invasão de campo, baita confusão, pênalti foi  batido, fim (antecipado) do jogo, caminho de casa. É o Zé que era chegado a  umas biritas( Sempre apitava meio calibrado) ainda queria tomar algumas ali  na rua Major Gote, perto do campo, antes entrar no ônibus de volta a Patrocínio. Zé Cristino, era figura extraordinária  em todos os aspectos.

FRAZÃO. Fiscal de renda do estado, lotado em Monte Carmelo, estava sempre em Patrocínio. Achava-se bonitão e metido a galã. Quando  apitava, arranjava um jeito, disfarçadamente,de transparecer que ele estava com um revólver por debaixo da camisa, imaginando impor respeito. Jogo em Patrocínio do Flamengo do Veio contra o Clube dos 100 de Monte Carmelo. Ganhamos de goleada como sempre acontecia, lá e cá. Á noite encontrei o Frazão com o Romeu de Castro Alves (Também fiscal e grande torcedor  do Botafogo de nosso futebol local)  na porta do Cine Rosário. Falei como Frazão em tom de brincadeira: Frazão, quase que você vira o jogo no apito a favor do Clube dos 100. Ele respondeu-me:”Não adianta apito, você são muito melhores. Se jogarem 100 vezes vocês, vencem 100 vezes o Clube dos 100. Não há apito que muda o resultado”... Assim era aquele Flamengo do Véio do Didino.

CHICÃO.Figurona, Tratorista da Secretaria da Agricultura do estado, trabalhava em Patos de Minas. Era um criolão de +- 1,90 m de altura, fortão, impunha um tremendo respeito e apitava muito bem. Foi juiz de campeonato da várzea em BH, uma pedreira. Gago reunia os dois times no centro do campo antes do início do jogo e avisava (sem jeito par a coisa tento imitar a sua gagueira) “Co-co-comigo, num,num, tem ê,ê, ê esse ne,ne negócio  de de to,to tomar  o, o, o apito do,do juiz. Co,co,começo o,o,o jogo, e e acabou. Pronto!” E era lei. Ninguém se atrevia a enfrentar aquele gorila. Um dos melhores que vi pelo interior. Vinha com freqüência a Patrocínio apitou jogos contra times de outras cidades (Não Patos)

HELIO DO POLIDÓRIO. Dono de padaria, como seu pai, fanático por futebol, cinema e outros embalos mais. Apesar de gordão participava dos treinos de futebol entre reserva –ex- direita á antiga para “manter a forma”. Amigo intimo do Véio do Didino, estava sempre na turma e nas viagens futebolísticas pelas cidades da região. Apitava esporadicamente como aconteceu  em Paracatu. Jogo do Flamengo do Véio contra o Santana local , invicto há meses naquela cidade. Na falta de outro juiz o apito foi entregue ao Hélio, no campo de um praça da cidade , lotado. Sol a pino na quente Paracatu, o Hélio resolveu apitar de chapéu. Jogo duro, lá e cá, até que marcamos o primeiro e único gol da partida, confirmado pelo longo apito do Hélio, correndo imediatamente para o centro do campo e atirando ao ar o chapéu que foi rodopiando serenamente, numa comemoração de Juiz! Digna do mais fanático torcedor. No campo, ouvíamos as gargalhadas da torcidas, justificando que se dizia do povo de Paracatu; culto e educado. Tivemos que jogar numa revanche numa segunda-feira, sem o Hélio no apito. Dirigentes e jogadores do Santana não se conformavam de terem perdido a longa invencibilidade fomos para o segundo jogo com nosso time numa tremenda ressaca da comemoração da vitória no dia anterior. Perdemos a revanche por 3x2, mas faturamos um dinheiro extra fruto da sagacidade do veio e Paulinho Cherulli “ Presidente do Flamengo” os quais , na hora de negociarem a revanche, exigiram: Queremos duas vezes para jogar de novo. Conseguimos o dinheiro que foi bem utilizado em novas bolas, uniformes e outros materiais para o time que tinha muito futebol e pouquíssimos recursos.

PEDRO ROCHA. Alfaiate e habilidoso jogador e sinuca. Fumante inveterado entrava em campo com o cigarro acesso entre os dados e os óculos de grossas lentes amarrados atrás da cabeça. Antes do  apito para dar início a partida tirava aquela última tragada ( imagine que gostosa para os fumantes) e jogava o toco ali no campo. Apitava as faltas e apontava com o braço estendido no local para colocar a bola, mirando com se estivesse dando uma tacada na bola de sinuca. Não me lembro de maiores confusões com ele no apito, o que é um elogio para o juiz de futebol.

ZÉ PAPA. Contador em Guimarânia e Patrocínio e ADELINO, gerente do hotel das águas Serra Negra em São João. Tidos como bons juízes, ambos eram malandros facciosos. Bastante requisitados para jogos importantes da região. Diz a lenda que em jogo de feroz rivalidade entre os times de Guimarânia x São João distritos vizinhos Zé Papa apitava o jogo que terminou o primeiro tempo com 5x0 a favor de Guimarânia “ sua terra”. Insatisfeitos, time e torcida de São João recusaram jogar o segundo tempo, salvo se o juiz fosse trocado. Mandaram um carro no hotel Serra Negra para buscar o Adelino que chegou e apitou o segundo tempo. Final do jogo, Guimarânia 5x5 São João. Pode ser lenda, este caso mas na realidade sou testemunha eles eram especialistas em destorcerem resultado de jogos. Havia dinheiro? Não sei.

PADRE ANTONINO. Holandês como todos os demais do ginásio Dom Lustosa pertencentes à Congregação dos Sagrados Corações e suas inconfundíveis batinas brancas. Isto mesmo, padre que apita o futebol usando batina. Calma, não serão (nem eram) usados adjetivos geralmente dedicados aos juízes, no caso do padre – juiz. No ginásio Dom Lustosa ( além do excelente ensino) futebol era febre e festa. O time principal do ginásio (numa época havia alunos com até seus 16, 17 anos terminando o curso ginasial) eram sempre fortíssimos e disputavam o campeonato municipal. A maioria dos grandes jogadores da cidade eram revelados no ginásio. Internamente disputavam-se três campeonatos por semestre, conforme as idades dos alunos ( menores , médios e maiores) . Destes, com alguns da categoria médios, formava-se o time principal do ginásio para os campeonatos internos os times eram formados com sorteio dos jogadores. Todos com uniformes completos. Os times recebiam nomes de clubes do Rio, SP e MG ( apenas Atlético e América, pois o Cruzeiro era irrelevante na época), Argentina ( Boca Junior) , Uruguai (Penharol ) , Chile (Colo-Colo), Inglaterra (Arsenal) , também de cidades históricas (Sparta, Grécia Atenas) um pouco de Geografia e História misturada com esporte. Não me lembro de times da Holanda usados no time do Domlustosenses. Talvez pela difícil pronúncia dos mesmos. Os campeonatos tinham tabelas, datas e horários dos jogos. E pouco tempo, talvez pela performance de alguns jogadores ou pelo uniforme mais atrativo, formavam-se as torcidas dos times, nelas incluindo as alunas da Escola Normal que assistiam alguns jogos, uniformizadas. Exibir-se para os “ meninos” era um poderoso incentivo. Padre Antonio, enérgico , professor de matemática , era o responsável pela organização dos campeonatos e o juiz da maioria das partidas. Logo ele escolhia um time em cada uma das categorias para torcer fervorosamente. Se aborrecia quando seus times perdiam. Com ele no apito isso não acontecia com freqüência. Diria que ele “distorcia” resultados de jogos. Alunos malandros que jogavam em times adversários dos preferidos do Padre Antonino, tentavam se justificar em casa as notas ruins em matemática, por causa de perseguição do padre – juiz –professor. Outros padres também apitavam jogos e gostavam imensamente de futebol. Alguns participavam dos rachas, peladas (também chamadas de cu- de- boi) nos horários de recreio (intervalo). Acho que toda essa vivência no ginásio explica minha simpatia pela seleção da Holanda nas Copas do Mundo. Dois casos pitorescos do futebol domlustosense : 1 – O ginásio, católico, com aulas de religião, missa obrigatória aos domingos (após, quem comungava podia tomar o café da manhã no refeitório), tinha uma congregação ariana. Os alunos que entravam para a congregação tinham de praticar atos religiosos como orações, vigílias e etc. Eram chamados de Marianos. Alunos que não entravam (para fugir daquelas práticas) para a congregação, eram chamados de Ateus e eram os mais rebeldes. Todo semestre tinha pelos menos um jogo entre Marianos x Ateus. Com o Padre Antonino no apito, dificilmente os Ateus venciam, mesmo com time às vezes melhor. Quem perdia implorava por uma revanche. Às vezes o padre “concedia” a oportunidade do 2º jogo. Entre os Ateus e à boca pequena usavam um apelido para o Padre Antonino: “ saca – trapo” . Tomara que nunca tenha chegado aos ouvidos dele. Seriam zeros em matemática para a classe inteira. 2- o ginásio tinha externato para a rapaziada de Patrocínio e cidades vizinhas que moravam com parentes ou em pensões e internato para rapazes de outras cidades que se hospedavam (moravam no próprio ginásio). Haviam partidas de futebol entre Nativos x Forasteiros. Como os Forasteiros moravam no ginásio a tendência do Padre Antonino era de puxar a brasa para eles. Como os Nativos eram em quantidade muito maior , era difícil perderem para os forasteiros apesar do apito do padre.

JUIZ DE UNIFORME. A primeira vez que vi um juiz de uniforme foi em um jogo do Ipiranga x Nacional de Uberaba. Ele chegou no campo ( Estádio Quincas Borges, quarteirão acima da Igreja de São Francisco) no mesmo ônibus da delegação do Nacional. Surgiu aquela figura toda de preto (calção, camisa, meias e chuteira ou tênis ) , sigla no bolso da camisa que deveria ser da Liga de Futebol de Uberaba. O juiz era alvo de curiosidade e atenção da torcida (e de nós jogadores) mais do que os jogadores do Nacional. Pensei comigo mesmo que aquele “juiz – profissional” seria um larápio bem vestido. Nada disso. Como vencemos o jogo por 3x1 com certa facilidade, ele não teve influência no resultado. Lembro-me de um único nome dos jogadores do Nacional: Vilmondes, o goleiro, pois ele fez uma partida excepcional, comentada por muito tempo na cidade. Sem esquecer que tínhamos um goleiraço Blair do nosso lado. Sem o Vilmondes o Nacional teria perdido de muito mais. No domingo seguinte jogamos contra o Araguari, campeão do Triângulo Mineiro, e também vencemos por 3x1. (Está lá na Gazeta de Patrocínio de 01/11/1953).

CORRETIVO NO JUIZ. Presenciei muitas brigas, agressões e “substituições” de juízes em jogos em Patrocínio e cidades vizinhas. Duas cenas, pelo inusitado, ficaram em minha memória para sempre. Fomos convidados ( Blair, Pedrinho, Xavante e eu do Flamengo do veio) para jogar /reforçar (na época, se dizia enxertar ) o Paranaíba, do Carmo, aquela cidade contra o Dorence de Dores do Indaiá. Eles tinham um beque apelidado de K7, nome do maior caminhão da época, que era um “cavalo” em campo de tantos ponta - pés que dava. Contava-se que o restante do time não era diferente do K7. Ainda bem que no Paranaíba tinha um lateral esquerdo, conhecido como V8. Jogador de excelentes recursos técnicos, que muitas vezes deixava – os de lado para abusar da violência e malandragens. Não me lembro se o juiz era de Dores do Indaiá ou convidado de outra cidade. Jogo murrinha, com excesso de faltas marcadas e a torcida (a do Carmo era famosíssima pela estridência e violência) já desesperada com o juiz que aparentemente “amarrava o jogo”. V8 fez então uma falta violentíssima, daquelas para intimidar os adversários e sua senhoria o juiz. Falta que nos dias de hoje seria para expulsão sumária (naquela época nenhum – ou quase nenhum juiz tinha peito para expulsar um jogador “ da casa” ). O juiz, querendo se impor repicou o apito chamando o V8 à sua presença para uma descompostura. V8 foi caminhando com passo de urubu malandro, braços cruzados nas costas e parou juntinho do juiz. Cara a cara, nariz a nariz e o juiz gesticulando com os braços agitados tentando escapar de alguma coisa. Naquele momento o Pedrinho chamou-me a atenção: “Veja o que o V8 está fazendo”. Olhei com atenção e incrédulo notei o V8 pisando com força no pé do juiz, sugigando-o quase enterrando o pé de sua senhoria no chão. Braçinhos do V8 continuavam cruzados nas costas para ninguém notar (de longe) sua descarada atitude. Ele não foi expulso e o jogo continuou. Pior para o desafortunado o juiz. Pouco depois daquela confusão, um torcedor acertou na cabeça do juiz uma pedra atirada com estilingue. Sangue por todo lado. Com tantas paralisações o jogo só terminou anoitecendo. Resultado pouco importa diante de tantas ocorrências inusitadas. Tornei-me amigo do V8 e sempre o considerei um “boa praça”, que às vezes se transformava dentro do campo. Jogar em Patos era enfrentar conturbação, todos diziam. No Carmo era pior.

BANDEIRINHAS. Muitos campos não tinham alambrados. Alguns tinham uma cerca de madeira de mais ou menos um metro de altura que não segurava ninguém. A torcida ficava junto a linha de fundo ou da lateral do campo. Praticamente não tinha espaço para bandeirinhas exercerem suas missões. E muitas vezes não tinham mesmo eram os bandeirinhas. Quando tinham, os juízes nem sempre atendiam as marcações dos bandeirinhas, salvo, lógico, para dividir responsabilidade por erro cometido ou jogá-lo nas costas dos bandeirinhas. Esta a explicação para muitas vezes o bandeirinha invadir o campo e desferir uma bandeirada na cabeça do juiz.

PERSONAGENS QUE FAZIAM POSSÍVEL O FUTEBOL PATROCINENSE NOS ANOS 1950. Gente que se envolvia com o futebol como organizadores, dirigentes, auxiliares, incentivadores, incluídos os que botavam a mão no bolso e torcedores: 1- assíduos até nos treinos semanais, 2- arrebatados e 3- VIPs, entre nossa sociedade da época: Padre Antonino representando todos os demais padres holandeses do ginásio Dom Lustosa, Tenente Manoel Amorim, Dr. Michel, Paulinho Cherulli, irmãos Zé , Ildeu e Paulinho Constantino, irmãos Nazir e Nem Félix, Tião Elói, Custodinho Matias, Natinho, Pixe e seu Operário, Antônio Lamparina e seu Independente, Zezé Luiz e seu funcionário F.C., João da Banda, José Alves ( Zé Manquinho , verdureiro, cedia cômodos de sua casa para guarda de material esportivo como redes, bolas e outras tralhas) . Antônio Flexa de Ouro com seu ônibus transportava os times, seu irmão Nadir das baterias, Tinão (Constantino), Juquinha Gonçalves, Dorninhas, Benedito Alexandrino, Mansurinho, Sebastião Novaes (Rato), Sílvio Guarda, Romeu C Alves, Nely Amaral (crítico mordaz de nosso próprio time), Quincas Borges (doador do terreno do estádio que tinha seu nome). Enéas Aguiar, Noratinho, Pericles Paiva, Pedro Borges, Pedro A. Nascimento, Vico Paiva, Júlio Barbosa que certa vez assumia a direção do Ipiranga, como um furacão, Bebém (famoso fabricante de carteiras), Hélio do Polidoro, escudeiro do Véio do Didino, nosso fora de sério do futebol rangeliano. Impossível citar todos. Lamentando e pedindo desculpas pelas omissões que certamente as cometi.”  ( Rondes  Machado - Rio de Janeiro)