6 de Julho de 2019 às 10:19

Federação dos Cafeicultores do Cerrado capta R$1,6 milhão para investimento na bacia do Córrego Feio, em Patrocínio - MG

É importante frisar que este é um projeto piloto, e seu modelo pode ser replicado para outras bacias e projetos da Região do Cerrado Mineiro e engajar novas cadeias produtivas. 

 

 

Patrocínio (MG)  é o município com a maior produção de café do Brasil, são em média 1 milhão de sacas de 60 quilos colhidas por ano. A cidade está dentro do território demarcado da única Denominação de Origem para cafés no Brasil, a Região do Cerrado Mineiro, que tem a Federação dos Cafeicultores do Cerrado como entidade que promove, controla e representa a Região. 

É neste município que acontecem as ações piloto do Consórcio Cerrado das Águas, mais especificamente na bacia do Córrego Feio, manancial que abastece a população e também é usado na agricultura e pecuária. 

Através do “Critical Ecosystem Partnership Fund” - CEPF (Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos, em tradução livre) o Consórcio recebeu um aporte financeiro de U$400 mil, cerca de R$1.6 milhão para ser investido na Bacia.

O recurso será utilizado no “Programa de Investimento no Produtor Consciente” - PIPC, que visa preparar a bacia e os produtores inseridos nela, para os efeitos das mudanças climáticas. O recurso será investido em 3 frentes: restauração de áreas de preservação permanente, práticas agropecuárias climaticamente inteligentes e gestão efetiva dos recursos hídricos. Com isso, espera-se que os produtores que estão inseridos na bacia estejam aptos e resilientes às mudanças climáticas, mantendo a cafeicultura e a pecuária dentro de padrões mundiais de sustentabilidade. 

O consórcio Cerrado das Águas é uma plataforma multissetorial que objetiva reunir atores de importantes cadeias produtivas no Cerrado, afim de que estes possam trabalhar juntos para a manutenção dos serviços ecossistêmicos dos quais dependem. Fazem parte do Consórcio a Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Nespresso, Lavazza, Nestlé, ONG Cervivo e Cooxupé. A iniciativa conta com o apoio da Imaflora, IUCN, Daepa, Unicerp, Emater e Conservation International. 

Criado em 2015 o Consórcio, que tem a Federação dos Cafeicultores do Cerrado como secretária executiva, já mapeou todos os produtores da Bacia do Córrego Feio, a fim de elaborar as estratégias que seriam aplicadas. O mapeamento analisou quais partes da bacia estão mais degradadas, requerendo uma maior atenção e quais já possuem alguma ação de preservação. Todos os produtores ali inseridos foram visitados e entrevistados. Este diagnósticos foi feito pelo Imaflora, em parceria com a Cervivo. 

É importante frisar que este é um projeto piloto, e seu modelo pode ser replicado para outras bacias e projetos da Região do Cerrado Mineiro e engajar novas cadeias produtivas. 

O Superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Juliano Tarabal, destaca a importância do Consórcio Cerrado das Águas para o Cerrado Mineiro. “A Federação dos Cafeicultores do Cerrado tem apoiado o Consórcio Cerrado das Águas desde a sua implantação e o PIPC coroa nossos esforços e compromisso com a sustentabilidade da produção na Bacia e com a distribuição da água no município. O Programa de Investimento no Produtor Consciente é uma plataforma de serviços especializados para os produtores que querem mitigar os riscos climáticos e garantir a qualidade do seu produto, seja ele café ou leite. Somos os primeiros a testa este modelo. O Cerrado Mineiro sai na frente e inova mais uma vez” – finalizou Tarabal. 

Recurso de torrefadores mundiais 

Além dos recursos captados através do CEPF, o projeto contará ainda com recursos que serão investidos por alguns dos maiores torrefadores de café do mundo que são no momento Nestlé, Nespresso e Lavazza que juntas investirão por ano, nos próximos três anos, U$70 mil. 

Sobre o Critical Ecosystem Partnership Fund

O Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF) é um programa global que fornece financiamento e assistência técnica a organizações não-governamentais e outros parceiros do setor privado para proteger ecossistemas críticos. Eles se concentram nos hotspots de biodiversidade, as áreas biologicamente mais ricas e mais ameaçadas da Terra. O CEPF é uma iniciativa conjunta da Agência Francesa de Desenvolvimento, Conservação Internacional, União Europeia, Global Environment Facility, Governo do Japão, Fundação MacArthur e Banco Mundial.

Produtores fazem sua parte

O produtor Ricardo Bartholo desde a década de 80, quando adquiriu a fazenda 5 estrelas, vem fazendo um trabalho de preservação no Córrego Feio, que passa em sua propriedade e nasce a pouco quilômetros dali. Apesar de usar a água para irrigação do seu cafezal, o produtor diz dar a contrapartida ao meio ambiente e que preservar é uma ação prioritária pois o café e as lavouras dependem da irrigação.

Sobre o projeto de recuperação do Córrego Feio, Ricardo que o importador e consumidor no exterior observam atentos e com bons olhos um café produzido com certificação e respeitando as boas normas ambientais e humanas.


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