Na última semana, o Brasil e o mundo acompanharam com grande expectativa o voo de teste do primeiro protótipo em escala real do "carro voador" brasileiro. O veículo é desenvolvido pela Eve Air Mobility, empresa do Grupo Embraer, e conta com um talento local em sua equipe de engenharia: o patrocinense César Abrahão.
Natural de Patrocínio, é filho de Ademir e Lúcia e irmão de Daniella e Maíra.Casado com Adriana (filha de Adriano e Neusa), César Abrahão agora vê os resultados de anos de estudo e prática profissional ganharem os céus, colocando-se no mapa do desenvolvimento tecnológico que promete revolucionar a mobilidade urbana mundial.
Ele viveu na cidade até o início de sua jornada acadêmica, que começou no sul de Minas, onde se graduou em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI).
Com quase 15 anos de carreira, o engenheiro acumulou experiência em grandes montadoras, trabalhando no desenvolvimento de veículos a combustão e elétricos, além de ter atuado como docente na área. Sua busca por especialização o levou ao mestrado na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com foco em vibração, e atualmente finaliza o doutorado na USP, com ênfase em acústica. Durante o doutorado, César realizou experimentos na Penn State University, nos Estados Unidos, em um campo diretamente ligado ao seu trabalho atual.
Em 2022, César ingressou na Eve Air Mobility. Sua chegada ocorreu em um momento estratégico: a empresa tinha apenas dois anos e o projeto permitia que ele participasse das definições fundamentais do veículo desde as fases iniciais.
O veículo, tecnicamente chamado de eVTOL (aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical), utiliza oito motores elétricos com hélices para decolar e pairar como um drone ou helicóptero. Ao atingir altitude, um motor traseiro é acionado e as asas passam a garantir a sustentação, permitindo que ele voe como um avião de asa fixa. No destino, o processo se inverte para um pouso vertical preciso.
Um dos maiores desafios para a aceitação desses veículos em grandes centros urbanos é a poluição sonora. É neste ponto que o trabalho de César Abrahão se torna vital. Atuando nas áreas de ruído e vibração, o engenheiro trabalha para que o eVTOL seja não apenas seguro e estruturalmente robusto, mas também extremamente silencioso.
A meta da equipe é que o ruído externo seja significativamente inferior ao de um helicóptero convencional, permitindo que a aeronave opere em cidades sem causar impactos negativos às comunidades.
O "combustível" do carro voador da Eve (Embraer) não é líquido como a gasolina ou o querosene; ele é 100% elétrico. O veículo utiliza baterias de alta densidade energética para alimentar seus oito motores rotores e o motor de propulsão traseira.
Aqui estão os principais motivos pelos quais essa tecnologia é considerada um grande ganho para o meio ambiente:
Zero Emissão de Carbono (CO?)
Ao contrário dos helicópteros convencionais, que queimam combustíveis fósseis e liberam gases de efeito estufa diretamente na atmosfera, o eVTOL não emite nenhum poluente durante o voo.
Se a energia usada para carregar as baterias vier de fontes limpas (como solar, eólica ou hidrelétrica, que são fortes no Brasil), o ciclo de poluição é praticamente zero.
Redução Drástica da Poluição Sonora
Um dos maiores problemas ambientais nas cidades é o barulho. O motor elétrico é naturalmente muito mais silencioso que uma turbina ou um motor a combustão.
O design da Eve foca especificamente em "acústica urbana", visando um ruído que se confunda com o som ambiente da cidade, sendo até 90% mais silencioso que um helicóptero comum durante o sobrevoo.
Eficiência Energética Superior
Motores elétricos são muito mais eficientes na conversão de energia em movimento do que motores a combustão (que perdem muita energia na forma de calor).
Além disso, o design de "asa fixa" permite que, após a decolagem, o veículo plane como um avião, consumindo o mínimo de energia possível para se manter no ar.
Menos Desperdício e Manutenção
Por possuir muito menos peças móveis e não utilizar óleos lubrificantes complexos ou sistemas de exaustão, o impacto ambiental de manutenção e descarte de resíduos químicos é significativamente menor ao longo da vida útil da aeronave.
O voo realizado em dezembro representa um divisor de águas por três pilares fundamentais confirmados por especialistas e relatórios do setor:
Aeronave em Escala Real: Diferente de testes anteriores feitos com modelos reduzidos, este voo utilizou o protótipo em tamanho real. Isso prova que a engenharia brasileira dominou a complexa transição de sistemas entre o voo vertical (como helicóptero) e o voo de cruzeiro (como avião), um dos maiores desafios da engenharia aeroespacial moderna.
Liderança no Mercado Global: A Eve Air Mobility detém hoje a maior carteira de intenções de pedidos do mundo no setor de mobilidade aérea urbana. São quase 3.000 unidades encomendadas por operadoras de diversos países, o que coloca o Brasil na vanguarda de um mercado estimado em US$ 1,5 trilhão até 2040, segundo projeções do banco Morgan Stanley.
Sustentabilidade e Descarbonização: O sucesso do voo valida o uso de propulsão 100% elétrica para o transporte de passageiros. Isso alinha o Brasil às metas globais de emissão zero de carbono, criando uma alternativa viável aos combustíveis fósseis e consolidando a Embraer como a terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo, agora líder em inovação limpa.
O teste não apenas valida a máquina, mas também inicia uma nova fase: a de certificação junto à ANAC e ao FAA (EUA). Este é o passo final para que, em poucos anos, o veículo deixe de ser um protótipo e passe a integrar o cotidiano das metrópoles, transformando o tempo de deslocamento urbano de horas em poucos minutos.
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