Reportagem equipe POL
LISIEUX, FRANÇA – Há mais de um século, uma jovem carmelita que morreu aos 24 anos em um mosteiro isolado se tornou um dos maiores fenômenos de devoção da Igreja Católica. Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, nascida Marie-Françoise-Thérèse Martin em 1873, alcançou o ápice da santidade em tempo recorde, deixando um legado que a transformou em Doutora da Igreja.
Teresinha nasceu em Alençon, França, filha dos Santos Luís e Zélia Martin, o primeiro casal a ser canonizado junto. Sua infância, marcada pela perda precoce da mãe aos quatro anos, a tornou sensível e introspectiva. Aos 10 anos, sofreu uma doença grave, curada por uma graça que ela atribuiu ao "Sorriso de Nossa Senhora", um episódio que definiu sua fé.
Aos 15 anos, determinada a seguir suas quatro irmãs (que também se tornaram freiras), Teresinha implorou pessoalmente ao Papa Leão XIII em uma peregrinação a Roma a permissão para entrar no Carmelo de Lisieux, apesar da pouca idade. Seu pedido foi aceito, e ela ingressou no mosteiro em 1888.
No Carmelo, Teresinha desenvolveu a "Pequena Via" (ou Infância Espiritual), sua doutrina central: a santidade não reside em grandes feitos, mas na total confiança no amor misericordioso de Deus e no oferecimento dos pequenos sacrifícios e deveres do dia a dia com um amor gigantesco.
Sua vida religiosa, aparentemente simples, era uma luta interior. Teresinha nutria um grande amor por Santa Joana D'Arc, a quem via como um modelo de pureza e coragem. Dentro do Carmelo, ela chegou a escrever e atuar em peças teatrais que personificavam Joana, vestindo a armadura e segurando a espada (hoje objetos de veneração e estudo), manifestando seu desejo missionário e seu anseio pelo martírio.
Santa Teresinha morreu de tuberculose em 30 de setembro de 1897, aos 24 anos. Suas últimas palavras foram: "Oh, eu amo-O. Meu Deus, eu... amo-Vos!"
Seu legado, o manuscrito autobiográfico "História de uma Alma", publicado um ano após sua morte, se espalhou pelo mundo. O Papa Pio X a chamou de "a maior santa dos tempos modernos".
Beatificação: 29 de abril de 1923 (Papa Pio XI).
Canonização: 17 de maio de 1925 (Papa Pio XI), apenas 28 anos após sua morte.
Padroeira da França: Proclamada Padroeira Secundária da França em 1944.
Doutora da Igreja: Proclamada em 19 de outubro de 1997 por São João Paulo II, em reconhecimento à sua doutrina de "ciência do amor divino", acessível a todos.
A promessa de Teresinha: "Depois da minha morte, farei cair uma chuva de rosas" se manifestou rapidamente através de inumeráveis graças e milagres atribuídos à sua intercessão, simbolizados pelas rosas que caem.
Seus restos mortais, venerados na Capela do Carmelo de Lisieux, e o relicário do seu antebraço direito na Basílica — símbolo de seus escritos — atraem milhões de peregrinos anualmente. Sua mensagem de simplicidade, confiança e amor transformou a espiritualidade católica e continua a sustentar a fé de milhões de fiéis em todo o mundo.