O que você fazia em 1995? Se torcia para o Botafogo, foi o último ano em que viu o time vencer o Campeonato Brasileiro. Se gostava de Renato Russo, a Legião Urbana fez seu último show. Para os ligado na política, foi o primeiro ano de Fernando Henrique como Presidente do Brasil. Para os amantes da literatura, José Saramago, lançou o “Ensaio Sobre a Cegueira” ...Neste ano, chegou  ao Brasil,  a maior revolução, social e cultural, depois da descoberta da escrita: A  Internet comercial, chegou ao Brasil.

E chegou, chegando. Logo o país já se tornou potência nas “Redes Sociais”, perdendo  apenas para os Estados Unidos. Segundo um estudo da We Are Social, o Brasil, com uma população de 204 milhões, tem 110 milhões de usuários de internet (penetração de 54%). Desses 110 milhões, 96 milhões (47% da população total), têm perfis em redes sociais. O crescimento de uso da Internet foi de 290% a nível mundial e de 660% na América Latina (incluído o Brasil)

Mas, a Internet, ainda não é a maior fonte de informação dos nossos patrícios. Numa recente  "Pesquisa de Mídia" encomendada e divulgada pelo Governo,  aponta ainda que o meio de comunicação mais utilizado para busca de informações no país é a televisão, pois 97% dos entrevistados afirmaram assistir TV. 61% das pessoas afirmaram ter o costume diário de ouvir rádio, que ficou em segundo lugar, seguido pela internet, com 47%.

Pode se observar que é uma mídia em franco crescimento. Um pesquisa Global aponta que o  acesso à internet no Brasil vai crescer 17,1% ao ano até 2019.

Nem precisa ir longe para comprovar esta  tendência, o Portal Patrocinionline, que  completou 15 anos, em Maio de 2015, um site pioneiro no interior do país no jornalismo eletrônico e também o  primeiro site do interior a exibir matérias com audio e pouco depois transmissões ao vivo em audio e vídeo. Segundo o Google Analytics, a audiência do Patrocínio Online é de média de 15 mil visitas nos dias úteis (um pouco menos aos sábados, domingos e feriados) numa média de 350 mil vistas mês. Um gráfico ascendente.

A título de curiosidade sabe quantos anos cada mídia levou para conquistar 50 milhões de usuários?  O Telefone, foi 70 anos; Rádio, 38; Televisão; 13, Internet,5.

Duas décadas da Internet no Brasil...Li uma entrevista do escritor e filólogo Umberto Eco, na qual ele  critica o papel das novas tecnologias no processo de disseminação de informação; "Normalmente, eles [os imbecis] eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo direito à palavra de um Prêmio Nobel", disse o intelectual; segundo Eco, a TV já havia colocado o "idiota da aldeia" em um patamar no qual ele se sentia superior; "O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade". Muitas verdades e também exageros nestas palavras. O conhecimento e a infomação, não estão mais restritos ao um seleto grupelho de intelectuais. Isto gera este tom de “ciúmes”. Num espaço democrático onde todos podem responsivamente (ou irresponsavelmente),opinar, dizer, escrever, falar, serem ouvidos, vistos, lidos na mansão ou na favela, não poderia ser diferente. Há contrastes o saudável de ideias. Não se esquecendo que “estar conectado hoje” - segundo a ONU -  “é um direito humano,” certamente, como a água e a luz.

Sem querer aqui ditar regras, mais nada no uso da Internet, há convenções  pétrias. Deve-se ter presente que o que vale para a vida real, vale, também  para a vida virtual. É  preciso  guiar-se pelos princípios de liberdade de expressão, de privacidade do indivíduo e de respeito aos direitos humanos,sobbretudo  reconhecendo-os como fundamentais para a preservação de uma sociedade justa e democrática.

Do nosso campo visual, a Era da Internet e  o   jeito brasileiro de ser, é uma relação que  tem muito a comemorar nos últimos 20 anos e muito a melhorar nos próximos 20.

A mesma Internet que trouxe, salto de qualidade de vida e  muito progresso,  também criou crimes que nem conhecíamos. Abusos e crimes virtuais  foram tantos que levou o Governo brasileiro a criar um canal chamado Humaniza Redes – Pacto Nacional de Enfrentamento às Violações de Direitos Humanos na internet, com especial atenção à proteção de crianças e adolescentes.

Queremos acreditar que os abusos na rede, estão com seus dias contados.  A proliferação da chamada “fotos íntimas” obrigou a alteração até do  Código Penal, criando a “Lei Carolina Dieckmann” A Lei como o nome da atriz Global,  torna crime o ato de invadir, bisbilhotar ou publicar conteúdo de celular, tablet ou computador alheio.

Pela sua natureza, a internet, é um território livre e democrático,  não poderia haver a existência de censura no controle de  publicações. Contudo  estamos falando do ser humano suas  imprevisibilidades comportamentais.

Gostei de saber que a “Política de Privacidade” ou “Termos de Uso” das principais plataformas preferidas pelos brasileiros,  apontam para criação de uma ambiência respeitosa e  põe limites aos excessos vigentes. Vejamos algumas: “A missão do Facebook é dar às pessoas o poder de compartilhar e tornar o mundo mais aberto e conectado. Para preservar a diversidade da comunidade e permitir que as pessoas se expressem livremente, o Facebook desenvolveu uma série de regras que proíbem discurso de ódio e quaisquer formas de discriminação”

“O Google respeita, acima de tudo, os direitos de seus usuários, como liberdade de expressão, direito de resposta, ambiente seguro e etc, por isso criou sua cartilha explicando qual é “A Internet que queremos” com todos os direitos e deveres de quem usa a plataforma.”

“O Twitter prioriza um ambiente seguro de troca de informações entre seus usuários. A plataforma respeita a autoria das publicações, por isso não acredita em nenhuma forma de censura, mas tem uma política de segurança e limites para o uso da rede”

Um dos pensadores mais influentes do mundo, Manuell Castells,  disse: “Um país educado com internet progride. Um país sem educação utiliza a internet para fazer “estupidez”. Ainda em gente demais tratando casos hediondos com banalidade, fazendo do absurdo normal, querendo que o abominável, seja corriqueiro...Como exemplo recente, a  exposição criminosa de imagens da autópsia do cantor Cristiano Araújo, foram  banalizadas na internet. Muita gente se horrorizou, torceu o nariz, mas foi lá dar uma olhadinha nas imagens. Até, quiseram me mostrar, não quis, não quero e não  verei coisas desta laia...

Pois é, a  Internet, celebra vinte anos nas terras Tupiniquins, com muito para melhorar, sobretudo no quesito respeito pessoal, gerenciamento de conteúdo e respeito á "propriedade intelectual". Torço para que  o neousuário aprenda logo, a gerenciar sua reputação pessoal e profissional na Net. Aprenda que, um vídeo, uma foto, um comentário irrefletido, pode transformar a vida de uma pessoa, (ou de uma comunidade)  em um inferno astral...

Quando terá fim o tal "discurso do ódio?" Corre solta nas Redes Sociais a notícia de ameaças à vida de Jô Soares. Crime? Entrevistou a presidente Dilma Rousseff na biblioteca do Palácio da Alvorada, em Brasília..E quem sabe diferenciar uma trollagem de uma ameaça?

As pessoas influentes, sobretudo  precisam dar bons exemplos. Não foi o caso Boechat X Malafaia. Um “formador de opinião”  e um “Embaixador de Cristo”, baixaram vergonhosamente o nível: “Ô, Malafaia, vai procurar uma  r...” Isto é linguagem de um jornalista sério, sensato e altamente profissional, o qual leio/ouço e admiro?.. De lá a  tréplica do Pastor Silas,  veio no mesmo tom:  “Em qualquer programa senta na mesa comigo que eu vou te engolir." .. Em absoluto, isto não é  linguagem cristã. ( mansidão e humildade, frutos espirituais aí passaram longe) Definitivamente, não é termo comum a um líder espiritual... O fato é que isto caiu na rede, se dividiu em causas, dividiu opiniões e gerou  um turbilhão de achincalhamentos e  mútuos ...

Para os próximos vinte  anos, sabendo que  "navegar é preciso";  respeitar é mais do necessário". Espero conviver cada vez menos com a intolerância, com o discurso de ódio, com gente tentando arrastar gente, como argumento da força para a sua causa político/religiosa/filosófica/de gênero e até, esportiva. O fim de  toda sorte de crimes cibernéticos. Cada um tem lá a sua velha e boa  educação de berço, é só usá-la online.

Vamos conviver/socializar/comunicar bem com os de longe, não se esquecendo os de perto?: “Só depois que a tecnologia inventou o telefone, o telégrafo, a televisão, a internet, foi que se descobriu que o problema de comunicação mais sério era o de perto.” (Millôr Fernandes )