9 de Março de 2015 às 09:16

Cantora e apresentadora de TV Inezita Barroso morre aos 90 anos

Corpo está sendo velado na Assembleia Legislativa de São Paulo

O corpo da cantora e apresentadora Inezita Barroso  que morreu na noite de domingo (8), aos 90 anos, no Hospital Sírio-Libanês,está sendo é velado na Assembleia Legislativa de São Paulo, na região do Ibirapuera, na Zona Sul, nesta segunda-feira (9). Inezita estava internada desde 19 fevereiro e completou 90 anos no último dia 4 de março. Ela deixa uma filha, Marta Barroso, três netas e cinco bisnetos.

Inezita Barroso, nome artístico de Ignez Magdalena Aranha de Lima, foi cantora, atriz, instrumentista, bibliotecária, folclorista, professora, doutora honoris causa em folclore e arte digital pela Universidade de Lisboa e apresentadora de rádio e televisão brasileira, atuando também em espetáculos, álbuns, cinema, teatro e produzindo espetáculos musicais de renome nacional e internacional. Adotou o sobrenome Barroso ao se casar, em 1947, aos 22 anos, com o advogado cearense Adolfo Cabral Barroso.

Nascida numa família abastada e apaixonada pela cultura e, principalmente, pela música brasileira, Inezita começou a cantar e tocar violão e viola desde pequena, com sete anos. Estudiosa, matriculou-se no conservatório e aprendeu piano. Foi aluna da primeira turma da graduação em Biblioteconomia da USP, formando-se antes de se tornar cantora profissional.

Carreira artística

Com o primeiro disco, vieram também os primeiros sucessos: o clássico samba Ronda, de Paulo Vanzolini e a caipiríssima Moda da Pinga, de Ochelsis Laureano e Raul Torres, que se tornou a mais célebre das interpretações.

Ultrapassou a marca de cinquenta anos de carreira e de oitenta discos gravados, entre 78 rpm, vinil e CDs.

Desde 1980 comanda o programa de música caipira Viola, Minha Viola, pela TV Cultura de São Paulo. Apresentou também no SBT um programa musical, aos domingos pela manhã que levava seu nome.

Inezita Barroso é reconhecida também como atriz de teatro e cinema. Por onde atuou, ela ganhou prêmios importantes, como o Troféu Roquette Pinto, como Melhor Cantora de rádio; o prêmio Guarani, como melhor cantora em disco, além de ganhar também o Prêmio Saci de cinema. Em 2003, foi condecorada pelo governador de São Paulo Geraldo Alckmin com a Medalha Ipiranga, recebendo o título de comendadora da música raiz.

Desde a década de 1980, Inezita Barroso ainda arranjava um espaço na agenda para dar aulas de folclore. Lecinou até há pouco tempo nas faculdades Unifai e Unicapital, onde recentemente recebeu o título de doutora Honoris Causa em Folclore Brasileiro.

As apresentações de Inezita Barroso nos países latino-americanos e africanos criaram uma aura de sucesso para a cantora, indicada para o Grammy sulafricano na categoria de artistas vocais populares internacionais e regionais. Os concertos de Inezita Barroso em tais países excederam a audiência de outros artistas nacionais e internacionais com maior exposição midiática, adeptos de música denominada "pop" .

Ao contrário do que o público costuma esperar da artista, Inezita Barroso trabalhou em interpretações de autores mais atuais da MPB, de outras vertentes que não apenas a caipira/sertaneja. Gravações recentes mostram a cantora interpretando obras de Ella Fitzgerald e outros nomes do jazz tradicional e blues.

Em novembro de 2014, foi eleita para a Academia Paulista de Letras, ocupando o lugar da folclorista Ruth Guimarães, morta em maio.8

Em fevereiro de 2015, Inezita foi internada no Hospital Sírio Libanês, onde morreu em 8 de março.