8 de Dezembro de 2014 às 19:45

Café Em Patrocínio:Saga, Sabor e Tributo

:“A vida é muito curta para tomar cafés ruins,”

Café combina com...Uai, tudo! Com amizade e boa prosa, principalmente. Uma sólida e  autêntica amizade, merece ser regada com  um bom café. E por falar em amizade e café, pegue lá a sua xícara, leitor. Açucar, adoçante ou nenhum dos dois? Puxe a cadeira, que lá vem uma saborosa  história  sobre o  café e gostaria de te ver ligado. E ao dizer “ligado” estou parafraseando, ninguém menos do que o notável escritor francês, Honoré de Balzac. Foi  ele que  disse:  “O café é a bebida que desliza para o estômago e põe tudo em movimento." Fala sério! O café já ganhou até uma cantata de Bach.Como já pode notar, estaremos bem acompanhados destacando a segunda bebida do mundo.

A bebida mais eclética, mágica e democrática do planeta, que, peregrinou por continentes,  teve seu o berço na Etiopia, (onde se diz que as cabras comiam o fruto e saiam dançando, imagine a cena, rsrs) aportou no Brasil, apaixonou-se pelas montanhas de Minas, mas, encontrou, seu lócus preferido no coração dos patrocinenses.

Foi  mais ou menos como o vôo improvável do besouro. O grãozinho vermelho sempre foi seletivo, e, até então, se dava bem apenas em “boa cultura”. Em Patrocínio, antes dos anos 70, não era diferente. Produzia-se em escala mínima no município, com  “produção apenas para o gasto”. (Com honrosas exceções de  pioneiros em cultivar o produto no cerrado, a exemplo do Sr. Altair Olímpio de Oliveira a  família Moisés)  A partir dos anos 70, depois de forte geada no norte do Paraná e oeste de São Paulo, o pessoal do Palácio do Planalto, passou  a ver com  bons olhos o Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro. Surgiu, então,  o  Programa de Desenvolvimento dos Cerrados - O Polocentro. Leia-se, das raras vezes na história do agronegócio,  em que a mão do governo, ao invés de, só atrapalhar, ajudou a força do  trabalho produtivo. Surgiu o “Eldorado da Cafeicultura”. Nada de agente mágico. Foi a receita do sucesso, foi trabalho inteligente, determinado e organizado.

En passant, aqui entra em cena os desbravadores com suas histórias épicas do nada ao tudo. Histórias, as quais,  sonho em vê-las contadas e expostas em vasto e rico acervo de um “Memorial da Cafeicultura”, que urge ser fundado tendo Patrocínio com sede.

Tal e qual o  besouro que é uma afronta aos princípios da engenharia, em Patrocínio e região, a cultura do  café, quebrou tradições e paradigmas, chegou  no agreste e improdutivo, cerrado e pavimentou  de flor branca o caminho da nova economia.

Isto é fato. Números do IBGE,  confirmam. E não oscilam muito em três anos. A produção do café Arábia no município, em 2012, superou  64 mil toneladas, mais de 2% da produção nacional. È vitória puxando vitória. O  moderno Café do Cerrado, hoje, tem até, certificado de “Indicação de Procedência”. Ou, seja,  o café patrocinense, possue,  desde então, o  status de uma região vinicultora, como a dos Vales dos Vinhedos na Serra Gaúcha; Champagne da França; queijos da Suíça;  Vinhos do Porto em Portugal; Tabaco de Cuba... Café Made in Patrocínio. Boa procedência e qualidade são palavras mágicas no mercado  mundial.

Isto posto, isto dito, lembro-me da frase:A vida é muito curta para tomar cafés ruins,” e  vem a pergunta que não quer calar: “Em Patrocínio (mercado interno) se pode saborear  um  café puro? Ou, como reza a lenda urbana, o café  de fina qualidade, vai pra fora e  a gente bebe uma gororoba aqui?" Responde ou passa? Respondo: Existe café e existe café. Tem uma meia dúzia de cinco cafés tops em Patrô. Não se pode jogar tudo num bule comum... Ou, café combina com o quê mesmo?

Durante os 13 primeiros dias de Dezembro,  o casal de patrocinnese radicado no Rio de Janeiro, Rondes Machado e Carminha Cherulli, esteve em Patrocínio.Uma das coisas que faço com incontida satisfação,  é acompanhar o referido amigo em giros de carro pelas ruas, praças e bairros  da cidade. Ele, com sua mente  privilegiada, discorre sobre o passado, presente e futuro da cidade natal, que ama, embora teve deixá-la  há tantos anos.

Como todo patrocinense de quatro costado, quando regressa, não abre mão de levar produtos que são as primícias da terra. Entre outras mineirices e patrocinidades como, queijos, doces, licores, potes de mel, polvilho, lá está ele- o café patrocinense. Qual café nosso conterrâneo tem levado  em seu  alforje, mais de duas vezes? Apenas uma curiosidade. E voilà! 

Avenida Faria Pereira, sentido leste.Destino:”Torrefação Ouro de Makena Ltda”. Alguns minutos depois, embora não tivesse agendado uma visita, o empresário,  Thiago Miranda de Oliveira, já nos recepcionava e  dava aulas de A a Z sobre o processo de  produção do Café Ouro de Makena e Café Bica.Thiago,(dispensa comentário, mas, é de bom alvitre comentar) é graduado em direito, diretor administrativo do Grupo Reunidas e sócio proprietário da Café Ouro de Makena;  foi secretário municipal de desenvolvimento econômico sustentável e turismo. Idealizador do evento “Mapa da Mina”. Jovem liderança, mas, com  now-how, até para  se candidatar a direção do executivo municipal. Entretanto, não integra mais o entourage do atual governo e a  secretária que ocupou, encontra-se  acéfala!? Não entendo mesmo o arraial político... Enquanto, Thiago,  com toda transparência e desenvoltura nos explicava que a matéria prima é de produção própria;  que   empresa, é detentora de Alvará Sanitário; possui o Certificado MUNDIAL UTZ,  uma espécie de “Código de Conduta”, com rígidos  critérios sociais, econômicos e ambientais  em toda cadeia produtiva, surge o momento epifânico! Saiu uma chávena do Café Goumet Ouro de Makena, realmente, fico com o rótulo, "O mais nobre dos especiais".Um misto de arte e  sabor, para cafeólogo e cafezeiro nenhum botar defeito.

Instantes seguintes, chega na roda, José Carlos Dias.(Também dispensa comentário, mas é de bom alvitre, comentar) Sócio no Café Bica, (que celebra um ano  de sucesso mercado). José Carlos, é  radialista, desportista, com mais de 40 anos no Sistema Difusora de Rádio; Criador do Troféu Polivalente e Comenda Pedro Alves do Nascimento. Foi Diretor Executivo da Revista Presença; é  sócio da  Monte FM, em Monte Carmelo.Voluntário da Igreja Católica, empreendedor social e coordenador da Feijoada da Apae. Ou, seja no quesito "Indicação de Procedência", mais um show de credibilidade do empreendimento.

Contudo, a boa aceitação e notoriedade das marcas Café Goumet Ouro de Makena e Café Bica, não gera acomodações  nos empresários. A ordem é crescer, inovar, abrir novas  frentes. Um dos sócios nos revelou, que estuda entrar numa licitação para fornecer um novo produto  para a cesta básica e a possibilidade de  buscar parceria para, quem sabe,  forcecer um ‘blend’ especifico  para a Gol - Linha Aéreas Inteligentes. Café combina com transparência, também. É importante saber quem está por trás do seu café, da semente á xícara.

Momento cult. Sabia que a  locação do filme Vazio Coração, de Alberto Araújo,  foi realizada na  Fazenda  do Café Ouro de Makena?Numa de suas lavouras de café,  foram gravadas cenas com os atores Lima Duarte e Murilo Rosa.

O nome MAKENA, foi baseado em um filme, onde Gregory Peck e Omar Sharif lutam para descobrir um lendário esconderijo de ouro, nesta espetacular aventura no Velho Oeste. No território do Arizona de 1870, Marshal Sam Mackenna (Peck) é a única pessoa viva que conhece o tortuoso caminho para o fabuloso "Canon del Oro."

Quanto ao nome CAFÉ BICA, no português de Portugal, café é "bica"! Isso porque os primeiros cafés expressos de Lisboa eram vendidos, curiosamente, numa cafeteria chamada A Brasileira.O gosto não agradou aos portugueses. Então, a loja criou um slogan para atrair a clientela. Dizia: "Beba Isso Com Açúcar". A frase ficou tão conhecida que as iniciais (BICA) passaram a significar cafezinho por lá. (Ôta mente suja! Devido ao  José Calos Dias ser atleticano, gente, imaginando que “Bica” tivesse a ver com o Galo Mineiro...mas, o Thiago é cruzeirense, viu? rsrs)

Quem puder que salte de alegria, celebre lá do seu jeito, pois a emblemática  saga do saboroso café, do Continente Africano, até o Coração Patrocinense, só tem atributos que  merecem  tributos!

Café combina com...uai,  tudo! Cascatinha e Inhana, Bach, Jazz, Reggae, Samba e Suingada boa: