23 de Setembro de 2017 às 11:13

ARTIGO: O padre, a travesti e o amor!

Frei Éderson Queiroz, Frade Capuchinho

 

No final da semana passada apedrejaram a travesti Bianca, de 19 anos, natural de Carmo do Paranaíba, próximo Ao Terminal Rodoviário. Seu estado de saúde é gravíssimo, com traumatismo craniano. Recuperando, não se sabe que tipo de sequelas terá, pois o sangramento foi muito grande.

As travestis são homens, que se sentem mulheres e vestem assim, por isso do nome: travesti! Na nomenclatura GLBTTI (gays, lésbicas, bi sexuais, travesti, transgêneros, intersex) é o grupo mais fragilizado.

Muitas são profissionais do sexo, por não encontrarem na sociedade acolhida e trabalho. E viver da atividade sexual, para um grande número delas, é extremamente dolorido e degradante. Mas, é a forma que encontram para sobreviver.

Estão sempre a margem da sociedade. Moram em repúblicas, e aí encontram um jeito de convivência grupal.

Na terça feira, dia 26/9 haverá, na Câmara Municipal, no Grande Expediente, a fala da travesti Ana Paula. Dr Ari apresentará o projeto para regularizar o nome social e de uma coordenação para a saúde GLBTTI, na secretária de saúde.

Os desafios para tratar deste assunto hoje, são enormes, pois, vivemos um tempo de intolerância com as diferenças. Mas, ali, não estão apenas uma travesti, está uma pessoa humana, filha de Deus, necessitada de acolhimento e compaixão. É muito fácil julgar e até condenar, quando estamos acomodados em nossa zona de conforto.

Todavia, a homoafetividade é muito mais próxima de nós do que pensamos. Na sua família, um filho, um sobrinho, um familiar, um amigo... Mas, o preconceito, o machismo e a falta de conhecimento científico, bíblico, religioso nos fazem julgadores por natureza.

O número de suicídios nesta população é enorme, justamente por ser uma realidade conflitiva em nossa sociedade.

Uma Igreja em saída, Hospital em campo de guerra, misericordiosa, é o que nos pede o Papa Francisco. Inúmeras vezes, ele tem dito: “aproximar, acolher, ouvir”... Deixe a dor do outro chegar ao seu coração.

Fui à casa de Ana Paula, convidei-me para almoçar com elas. Tinha uma grupo de 8 travestis e pessoas amigas. O almoço foi a possibilidade de nos sentarmos e conversar. Quanta surpresa. Para elas a visita de um padre era inédito, quase que impossível de acontecer, ainda mais que eu mesmo me ofereci para almoçar. Ali, desarmado, sem nenhuma pretensão de estar com a verdade, fui entendendo o mundo delas.

Portanto, o contato com as travestis me fez melhor, me possibilitou olhar o mundo para além do meu quintal, alargou meu coração. Por isso, este texto é intitulado: o padre, a travesti e o amor!


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