História. Patrocínio tem muito para contar. Pois, como município tem 178 anos, porém esse chão habitado tem quase três séculos de existência. E quem conta essa vida de Patrocínio? São os historiadores. Técnicos ou não, que viveram relevantes fatos ou não. Enfim, eles são os narradores de tempos de outrora, que, hoje, muita gente gosta de lê-los ou ouvi-los. Os principais de Patrocínio, nos últimos cem anos, merecem menções. E agradecimento. A maioria in memoriam.
SEBASTIÃO ELÓI – Nasceu à Rua Governador Valadares em 1906 e faleceu em 12/2/1997. Em 1938, a pedido de seu pai, José Elói dos Santos, fundou a Gazeta de Patrocínio. Nela, até os anos 80, contou inúmeras passagens do Município. Diversos fatos, por circunstâncias peculiares, contou apenas a alguns amigos e familiares. Fatos que testemunhou ou que foram narrados por pessoas idôneas a ele, Tião Elói. Porém, à época esses fatos não eram recomendados para publicação. Além de jornalista, foi vereador e maçon. Sem dúvida, no século XX tornou-se o mais emblemático jornalista patrocinense. E profundo conhecedor da história rangeliana.
JOAQUIM CARLOS DOS SANTOS – Como historiador, “Quinquim” como era conhecido, foi o maior de Patrocínio. Não somente pela sua arte, mas também como pesquisador. Tanto é que, na década de 40, publicou rico estudo intitulado “Caminhos Coloniais de Patrocínio”, em inúmeras edições da Gazeta de Patrocínio. Joaquim Carlos nasceu em Patrocínio em 1889 e faleceu em Belo Horizonte em 1966. Foi professor, vereador no mandato 1936/1939, sócio do Instituto Histórico de Minas e até prefeito interino por uma semana. Era filho do não menos célebre professor Olímpio dos Santos.
HEDMAR DE OLIVEIRA FERREIRA – Nascida no Município, professora e doutora em História. A sua tese no mestrado abordou o surgimento do Ginásio Dom Lustosa, ícone maior da educação regional, em 1927.
GERSON DE OLIVEIRA – Nasceu na cidade e faleceu em São Paulo, onde residia. Grande pesquisador da história patrocinense. Até para Goiás, realizou diversas viagens na busca por informações e documentos sobre Patrocínio no século XIX. A pesquisa sobre a calunga (dialeto dos negros, com origens na escravidão) foi um de seus trabalhos reconhecidos. No século XX, Gerson de Oliveira foi um dos cinco maiores intelectuais de Patrocínio.
OS AUTODIDATAS – Floriano Peixoto de Paula, falecido, da família Manoel Nunes, escreveu um pequeno livro sobre a História de Patrocínio. Pela riqueza, é leitura obrigatória por quem se interessa pelas coisas e gerações anteriores. José Graciano dos Reis, antigo morador à Rua Artur Botelho, nº 732, falecido há tempo, aos 98 anos de idade, transformou-se em fonte histórica de Patrocínio e, especificamente, São João da Serra Negra. Escreveu, nos anos 80, um ensaio sobre eventos históricos, parte publicada pelo Jornal de Patrocínio, nas décadas de 80 e 90.
OS TÉCNICOS – Professora de História, Olga Barbosa, então residente à Rua Rio Branco, falecida, tornou-se referência, para diversas gerações, do Ginásio Dom Lustosa. Por isso, publicou o documento “Dom Lustosa, seus Áureos Tempos”. O escritor e jornalista Flávio de Almeida escreveu diversos livros. De e residente em Patrocínio. Destaca-se em sua obra, o precioso livro sobre os anos 20 na cidade.
NÃO PODEM SER ESQUECIDOS (I) – O patrocinense e professor Israel Machado Caldeira, residente em BH. Criterioso conhecedor da História de Patrocínio. Rondes Machado, também patrocinense, residente no Rio de Janeiro. Eficaz testemunha ocular de fatos que demonstram o que foi a cidade nos anos 30, 40 e 50. Professora Tuniquinha Borges Rodrigues, residente à Rua Presidente Vargas, também testemunha ocular de acontecimentos que marcaram a cidade nos anos 30, 40, 50 e 60. Professora Tuniquinha é neta do lendário político e fazendeiro Honorato Borges.
NÃO PODEM SER ESQUECIDOS (II) – Maria de Fátima Machado Almeida, autora do livro “Patrocínio Ontem e Hoje”. Luiz Antônio Costa, autor do livro “Som da Memória”. Paulo Acácio Martins (esse apenas casou-se em Patrocínio), falecido em Belo Horizonte, autor do livro “Dois Anos em Patrocínio”. Cecílio de Souza, autor de “Ecos do Cotidiano”. Todas obras versando e focalizando carinhosamente a Santa Terrinha. Há outros grandes escritores patrocinenses de obras literárias. Entretanto, sem o foco histórico.
POR FIM – Este amador escriba, que também conta histórias de Patrocínio, somente o faz porque teve e tem como professores, os mestres citados acima.
Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 1/2/2020.