# Eustáquio Amaral

Os Melhores do Futebol Patrocinense de Outrora

18 de Abril de 2020 às 11:21

Paixão. Pelo glorioso Clube Atlético Patrocinense–CAP, ela é indiscutível. Principalmente, nos dias atuais. Mas, quando nasceu na nação rangeliana esse amor, essa paixão, pelo futebol? Passando de pai para filho, de avô para neto, há algumas explicações. Uma delas é ver o que disse gente da velha guarda. Gente gabaritada que vivenciou os anos 40, 50, 60, 70 e 80. Meio século de show de bola.

PALAVRAS DE UM SENHOR CAMISA 10 – Rondes Machado, ex-meia do Flamengo patrocinense, residente no Rio de Janeiro: “Na década de 40/50, destaco Baim, Blair, Picum, Bazé, Didi, Batata, Múcio, Pedrinho e Paulo Tavares, este talvez o melhor jogador de Patrocínio em todas as épocas. Mais para o final de 50, surgiram Calau, Peroba, Quebinho, Carmo e Ratinho, entre outros. Mas, o nome mais importante desta geração, sob o qual o futebol girava, intitulava-se Véio do Didino. Ele foi jogador, técnico, juiz, roupeiro, empresário, torcedor e dono da bola. Quando o conheci já era veterano, mas creio que foi craque.

O MELHOR DO MICROFONE – Sérgio Anibal, a poderosa voz do rádio de Patrocínio e Triângulo, década de 60, residente em Salvador/Ba: “Irei dividir a minha análise em duas eras. Antes e depois do Estádio Júlio Aguiar. Antes, não posso esquecer do lendário time do Dom Lustosa, de Simão, Calau e Afrânio; Picum, Butica e Miguelzinho; Honorato, Rondes, Amaro, Zé do Cleto e Didi. Na era do Júlio Aguiar, o maior craque que vi atuar foi Edward, que veio do Mamoré para o CAP. Razões de relacionamento com técnico impediram que ele explodisse no América Mineiro, quando era uma poderosa força do futebol mineiro. Em termos de patrocinenses, Totonho provavelmente foi o maior atleta desta era. Juntando as duas eras, Calau foi o mais completo.

COORDENADOR SÍMBOLO – Tião do Dego, personagem do CAP (massagista e dirigente), nos anos dourados, hoje existente apenas na saudade: “Patrocínio teve jogadores de classe indiscutível. O “voador” Dedão, Dizinho, Romeuzinho, Totonho, Gato, Gulinha, Nael e Macalé podem ser mencionados, entre tantos. Um pouco mais para trás no tempo, Blair, Camilo, Peroba e Calau, e, os memoráveis clássicos Flamengo (do Véio) e Operário (do Pixe) foram grandes destaques. Mas, o jogador que mais deu para as cores patrocinenses, chama-se Chapada. Não foi o maior craque, porém foi o craque que mais trabalhou por Patrocínio.

CAMISA 9 DO FERROVIÁRIO E FLAMENGO – Anôr de Oliveira, o popular Setenta, residente à Av. José Maria de Alkmim: “Não há dúvida, Blair e Dedão foram os maiores goleiros da cidade. Dedão, mais elástico; Blair, mais sereno. Como maiores zagueiros, Peroba, Calau, Carmo e Chapada podem ser destacados. Na frente, Totonho, Dizinho, Romeuzinho e Nael, na ponta-esquerda, pode-se dizer, foram os melhores. No geral, é como o Tião do Dego disse, Chapada foi o mais regular. Para mim, é o destaque de 1960 até os meados de 1970.

IMPLACÁVEL TORCEDOR – Mário Dias Caldeira, arquivo vivo das décadas de 50 e 60, apaixonado pela bola, residente em Manaus/AM: “Dedão foi o melhor goleiro; Calau, o melhor zagueiro (naquela época beque); Peroba, o melhor meio de campo e Edward, o melhor atacante. E quanto aos mais clássicos, os do futebol-exibição, destaco Romeuzinho e Custódio Matias, um “moreninho” de toque sutil como ao de Didi, da Seleção Brasileira.

OPINIÃO DESTE CRONISTA AMADOR – A Seleção de Patrocínio genuína (somente com craques do Município), referente aos anos 60 e 70, ainda tem sobreviventes. Totonho Figueiredo e Gulinha, belos exemplos. Goleiro: Dedão. Blair, da Associação Atlética Flamengo, poderia ser o escolhido, mas a sua época de ouro foi nos anos 50, portanto, temos poucas lembranças de suas atuações. Baim, irmão de Pedro Alves do Nascimento, é outro legendário goleiro de Patrocínio. Sua trajetória, entretanto, se deu na década de 40. O bom e irreverente Frazão (“Perereca”) marcou os anos 70. Mas, no geral, o fantástico “voador” Dedão conviveu por mais tempo com a glória.

OS QUATRO ZAGUEIROS – Gato, Calau, Macalé ou Barôfo e Chapada. Pelas razões que divulgamos no saudoso Jornal Presença, Calau e Chapada são insubstituíveis e absolutos. Na lateral-direita poderíamos mencionar Peroba, o “Nelinho” patrocinense, porém preferimos colocá-lo no meio de campo, onde também atuou com brilhantismo. Além do mais, Gato, irmão de Dedão, do Ferroviário, Flamengo e Atlético Patrocinense, escreveu seu nome na história do futebol local com exibições inesquecíveis. Como quarto zagueiro, Carmo, do Operário, tinha condições de ser o escolhido, sobretudo, por ter sido o maior cabeceador da cidade, todavia Macalé, de futebol sério, teve mais oportunidades de aparecer, pois foi profissional e pertenceu ao CAP, 3º colocado no então campeonato da Segunda Divisão, de 1963, hoje Módulo II. Barôfo foi um excelente e excepcional zagueiro, mas devido a sua mudança para Belo Horizonte, atuou menos pelos clubes patrocinenses. Aí a dúvida entre Macalé e Barôfo.

MEIO DE CAMPO CLÁSSICO – Peroba, Romeuzinho e Gulinha. Convém serem lembrados Rubinho, do Flamengo, que integrou a Seleção de Patrocínio na inauguração do Júlio Aguiar; o clássico Custódio, do Flamengo e Operário, e o eficiente Soldado, do Flamengo e Patrocínio Esporte. Contudo, Peroba e Romeuzinho, este talvez o maior astro do futebol-exibição, ambos oriundos do Flamengo, e Gulinha, vindo do CIT (Companhia Inimiga do Trabalho), de Araxá, foram superiores na média geral de atuações.

O ATAQUE MATADOR – Dizinho, Totonho e Nael. Como já dissemos, Totonho carrega o título de maior atacante patrocinense até os anos 90; logo, é titular absoluto. Quebinho, Ratinho e Roxinho, todos do Flamengo, não podem ser esquecidos e estão sujeitos às mesmas observações dirigidas ao grande Blair.

RESUMO DO ESCRIBA – Essa é a Seleção de Ouro de Patrocínio, puramente com atletas da cidade, de 1960 a 1980: Dedão, Gato, Calau, Macalé ou Barôfo e Chapada; Peroba, Gulinha e Romeuzinho; Dizinho, Totonho e Nael.

E O TÉCNICO? – Véio do Didino. O Telê Santana de Patrocínio. O “dono” do Flamengo. O mestre de craques como Bougleux, Múcio, Totonho, Dedão, Calau, Blair, Rondes e mais de uma dezena de superatletas patrocinenses. Ele é apenas um retrato na parede, deste os anos 80.

Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 7/3/2020.

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