Maio. Há muitos fatos históricos nesse mês. Fundação do grande “Jornal de Patrocínio” em 1973, criação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais–APAE em Patrocínio, em 1972, e, maior público registrado em jogo do CAP até hoje, Cruzeiro x Patrocinense, no Mineirão (antigo), em 15/5/1994. Mas é o mês também que desapareceram do convívio patrocinense (devido aos seus falecimentos) três personagens antológicos. Um, comerciante, quiçá o mais histórico do Município. Outro, a maior marca (referência) do rádio local. E o terceiro, militar que participou de duas revoluções nacionais, há um século.
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QUEM FOI MANUEL NUNES – Nasceu em São João da Serra Negra em 30/10/1892, Fazenda Serra Negra, casou-se com Violeta Alves Nunes (que fez um bolo para JK, quando de uma visita a PTC), e, em 1915 criou a Casa Manuel Nunes. Portanto, essa loja, essa marca comercial, genuinamente patrocinense, existe há 110 anos. Manuel Nunes iniciou a sua vida comercial com Major Tobias e depois com Joaquim Cardoso Naves (ambos, grandes comerciantes do Município, segundo a saudosa filha de Manuel Nunes, Vera Nunes). Outros pioneiros do comércio local e contemporâneos de Manuel Nunes foram o sírio Jorge Facury (Casa Facury), libanês Antônio Mansur (Casa Mansur) e libanês José Mansur (anos 30, 40, 50).
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FILHOS MEMORÁVEIS – Abdias Alves Nunes, professor, odontólogo UFMG, vereador por sete mandatos pelo PSD (é considerado o “vereador” patrocinense do século XX), Osmar Nunes (casado com a professora Marcelina, pais de Mônica Othero e Osmarzinho Nunes) seguiu a arte comercial de seu pai Manuel. Como também Honorico Nunes e Luiz Gonzaga Nunes (caçula, falecido em 13/04/2006).
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MAIOR REVENDEDOR DO BRASIL – A Casa Manuel Nunes, nos anos 60, alcançou o 2º lugar no País de maior revendedor das bicicletas Monark, tendo inclusive representações em Catalão–GO e Patos de Minas. Além disso, Casa Manuel Nunes, nos anos dourados, tornou-se significativa revendedora das máquinas de costura Vigorelli. A parceria promoveu shows com artistas nacionais (destaca-se pertencentes (à então) Globo da época, que era a Rádio Nacional–RJ). Os shows eram gratuitos e realizados na praça Honorato Borges. Tais como Luiz Gonzaga (o rei do baião), Waldick Soriano (rei do brega), Jorge Goulart, Sérgio Reis, Nora Ney, Renato Guimarães, Nalva Aguiar e a “Nêga Maluca” andando pela cidade. Sargenteli e suas belas mulatas também desfilaram na praça Honorato Borges, graciosamente (colaborou nesse detalhamento, vídeo da RedeHoje, de Luiz Antônio Costa).
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DESPEDIDA – Manuel Nunes, o mais longevo comerciante de Patrocínio, faleceu em 06 de maio de 1983, aos 90 anos de idade. Isso há 42 anos (sua neta Dulce Nunes, residente à Praça Honorato Borges, também é colaboradora com histórias que desfilam, neste espaço).
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QUEM FOI PEDRO ALVES DO NASCIMENTO-PAN – Filho de Elmiro Alves do Nascimento, chefe político e fazendeiro, nos primeiros anos da República. Nasceu em Folhados (hoje, Silvano), em 12/3/1912, casou-se com Terezinha Inês Resende Alves, pai de três filhos (Marcus e Márcio, diretores do Grupo Difusora). Ao contrário de alguns de seus irmãos, Pedro não se tornou político. Aliás, o único partido em que vestiu a camisa foi a do “Progresso de Patrocínio”. Progresso real ou surreal.
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FATOS MARCANTES NA VIDA DE PAN – Nos anos 40, aos 30 anos de idade, Pedro Alves foi diretor do quase imbatível Ypiranga Sport Club. Na vida escolar foi aluno do Grupo Honorato Borges, “científico” (Ensino Médio, hoje) em BH, e, começou a estudar Farmácia em Uberaba. Colaborou decisivamente na fundação do Clube Itamaraty (anos 40, no Edifício Rosário, Praça Honorato Borges. E anos 50, no 2º andar, no prédio, onde seria o Cine Patrocínio, anos 60). Também colaborou na criação do Rotary Clube e do Lions Club.
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IRMANDADE POLÍTICA – Seus irmãos João Alves do Nascimento (vereador e prefeito de Patrocínio, em dois mandatos), Mário Alves do Nascimento (prefeito de Patrocínio 1963-1966) e Sebastião Alves do Nascimento–Binga (prefeito de Patos de Minas e deputado estadual). Já Geraldo Alves do Nascimento–Baim foi grande músico em Patrocínio e no Grande Hotel de Araxá, e, fenomenal goleiro do Ypiranga (anos 40). Em 1976, Pedro Alves “bateu papo” com o maior presidente do Brasil, JK, em sua última visita a PTC.
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FANTÁSTICO GOL DE PEDRO – Em 1955, Pedro Alves do Nascimento adquiriu a ZYW-8, Rádio Difusora, com baixa potência (100w). Como dizia os “folclóricos” da época: “Difusora, falando para o centro, cochichando para os bairros”. Mas, a partir daí, a Rádio cresceu dia a dia. Inclusive, o seu programa dominical “Frente Patrocinense de Reportagem” tornou-se mania em Patrocínio. Tanto é que os personagens “folclóricos” mudaram de opinião: Domingo tem que ter macarronada, frango com açafrão e Pedro Alves. Ou, arroz ao forno, frango e Pedro Alves na Difusora. Sem eles, não seria domingo. Hoje, os seus filhos (Marcinho e Marquinho) comandam a maior emissora do Alto Paranaíba.
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ADEUS – Aos 78 anos, em 19 de maio de 1990, Pedro Alves do Nascimento se integrou (faleceu) à terra, que para ele “era a melhor cidade do Brasil”, a sua e nossa Patrocínio.
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FAMOSO MILITAR DO EXÉRCITO – Manoel Amorim nasceu em 06/08/1898, em Pindamonhangaba–SP. E faleceu em Patrocínio, onde viveu, criou a família (o saudoso José Amorim era seu filho) e foi sepultado em 18 de maio de 1985, aos 86 anos (fonte: Júlio César Resende). Em PTC, foi dirigente do Ypiranga S.C. (anos 30 e 40), juiz de futebol, diretor do Tiro de Guerra e delegado do Serviço de Recrutamento Militar. E participou, como combatente pelo Exército da Revolução de 1924 (tenentes do Exército, sobretudo paulistas, queriam derrubar o presidente Arthur Bernardes). E Tenente Amorim, depois capitão, também participou da Revolução de 1932 (São Paulo estava insatisfeito com o Governo Getúlio Vargas, porém perdeu novamente. Houve violentos embates entre MG, apoiando Vargas, e SP, no sul de Minas).
([email protected]) *** Primeira Coluna também publicada pela Gazeta de Patrocínio, edição de 24/05/2025.