# Eustáquio Amaral

ALÉM DO QUEIJO E MANTEIGA, PTC JÁ PRODUZIU O MELHOR VINHO DO BRASIL

28 de Dezembro de 2025 às 15:07

História. Sempre é bom contá-la. E apresentar as fontes de informação. E a história se torna mais atraente quando se refere à terra natal. Para dar uma volta a Patrocínio de um século atrás, é utilizado uma edição do (ótimo) jornal “Cidade do Patrocínio”, publicada no começo de janeiro de 1926. É cópia, pois infelizmente toda a coleção desse semanário foi atirada (literalmente) no lixo. Um patrocinense apaixonado conseguiu reconstruir um exemplar, e, deu uma cópia (na época, dizia-se “xerox”) a este cronista. Isso ocorreu há quase 30 anos. O “Cidade do Patrocínio”–CP existiu por 20 anos (1909-1929). O diretor-proprietário era Honorato Borges, e, o redator-chefe Padre Nicolau Catalan na primeira fase. Na segunda, a partir de 1920, foi o brilhante Carlos Pieruccetti. Agradecimento ao bispo D. Antônio Lustosa. Nome antigo de Silvano. Linhas de automóveis para outras cidades (não havia ônibus). Quem foi Odilon Amaral. Vinho nacional Saboroso. Indústrias de lacticínios. E os maiores pecuaristas patrocinenses, há cem anos. Tudo isso em seguida.  

VISITA HISTÓRICA DO BISPO No segundo semestre de 1925, em visita pastoral a Patrocínio, o bispo da Diocese de Uberaba (a cidade pertencia a essa diocese), Dom Antônio Lustosa, fez a declaração que a região almejava. Autorizou a criação de um colégio, mantido por educadores religiosos. Para isso, abastados fazendeiros e capitalistas (expressão do CP) ofereceram à Congregação religiosa, que viesse, magnífico prédio. E o bispo tudo fez para atrair/trazer uma congregação para ter um colégio modelar. Uma congregação reconhecida internacionalmente, e, inovadora ao seu tempo.

ASSIM NASCEU A INVASÃO HOLANDESA A Congregação dos Sagrados Corações foi a escolhida pelo bondoso bispo. Como gratidão, o “Cidade do Patrocínio” sugeriu que o nome do educandário fosse “Collégio D. Lustosa”. Em 1926, começaram a chegar os padres holandeses, inclusive Padre Eustáquio, que assinou a doação do colégio. No ano seguinte (1927), foi o primeiro ano de funcionamento do clássico Ginásio Dom Lustosa, dos padres holandeses. Assim, em 2027, esse icônico colégio completa 100 anos de vida. É bom que se diga ainda que o bispo Dom Antônio Lustosa, pelo seu carisma de fé, também está a caminho da beatificação.

PRINCIPAIS LINHAS DE “AUTOMÓVEISDe Patrocínio a Araguari, havia dois carros. O de Patrocínio a Monte Carmelo, pertencente ao engenheiro Alberto Brugger, que também era proprietário de uma serraria. E de Monte Carmelo a Araguari, do Sr. Mário Moreira. De Patrocínio a Paracatu também era de Alberto Brugger. De Patrocínio a Santana de Patos, com ramais para Cruzeiro da Fortaleza e Hotel Serra Negra (tratamento de saúde). De Patrocínio a Uberaba e Araxá, os automóveis pertenciam ao Sr. Thiers Botelho.

DONOS” DOS BOIS Os principais criadores do Município, segundo o “CP”, eram Cel. João Cândido de Aguiar (genro de Honorato Borges e pai de Enéas Aguiar), Cel. Honorato Martins Borges, Elmiro Alves do Nascimento (pai dos irmãos “Alves do Nascimento”), Bernardino Machado, Nelson Caixeta de Queiroz (origem de uma das três famílias Queiroz em Patrocínio), José Pedro Ferreira de Paiva (também genro de Honorato Borges), Francelino Nunes de Paula e Fortunato Botelho.

LATICÍNIO PARA RIO E SP Além da grande produção de queijo, havia algumas fábricas de manteiga. Tais como a do Honorato Borges, a do Luciano Brasileiro, a do José Casimiro e a fábrica de Mário Alves. Atendiam o consumo municipal, mas a grande produção ia para Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e a surpreendente Carmo da Matta (portanto, é na atualidade que Patrocínio NÃO tem vocação para a exploração de seu potencial, chamado de “Leite”).

VINHO PATROCINENSE PREMIADO NO BRASIL! Sim. É verdade. O “Cidade do Patrocínio” registra a existência do famoso vinho “Saboroso”, de propriedade do italiano Adolpho Pieruccetti (residia no Largo da Matriz), agora (1926), residindo em BH. Insuficiente para atender as encomendas (demanda), a fábrica só atendia alguns pontos do Estado. Mesmo com produção limitada, foi premiado na Exposição Nacional de 1922, na ocasião do 1º Centenário da Independência. O CP escreveu “... esse vinho, que bem merece o nome que se lhe deu...” (Saboroso).

PROFISSIONAL BRILHANTE Eletricista, formou-se, por correspondência, em curso na Pensylvania (EE.UU.). Muito útil à nossa Empresa de Luz, à qual tem dado o seu talento e conhecimento” (em 1926, a energia elétrica era bem recente na cidade. Era só para “gênios” decifrá-la).

SILVANO COMEÇOU ASSIM Quando Coromandel (e Abadia dos Dourados) emancipou-se de Patrocínio, havia mais três distritos (o da cidade, de Salitre e de Cruzeiro da Fortaleza), e, um outro foi criado, que é o Distrito de São José dos Folhados. Depois, só Folhados. Agora, Silvano.

*** Crônica, edição de 28/12/2025, também publicada na RedeHoje.

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